quinta-feira, 19 de março de 2015

VÁ A ÁBRICÓ. MAS NÃO COMIGO!





Descobri, ontem, só ontem, depois de tanto tempo, que as companheiras que já convidei para irem a praia de abricó comigo acham que o faço porque quero vê-las nuas. Interessante que já convidei muito mais companheiros, homens para o mesmo lazer e nenhum deles, pelo menos que tenha ficado sabendo, manifestou o mesmo temor.


Todos os que recusaram justificaram de uma forma ou de outra... desde que tem medo de se acostumar ver mulheres nuas e perder o tesão até não agüentar ver tantas mulheres nuas ficar com tesão e de pênis duro.


Abricó é uma praia encantadora e as pessoas que a freqüentam são pessoas especiais. Só se convida pessoas pra ir lá pessoas que você acha que mesmo não tendo uma relação estreita de amizade contigo são pessoas de cabeça, coração e corpo aberto e que você acha que elas  vem pessoa que as convida uma pessoa como elas, de cabeça, coração e corpo aberto para com elas. Nunca um voyaer.


Mais que decepcionante descobrir que as compas que convidei pra ir a abricó sempre fingiram que na verdade fazem de mim um juízo mal é o fato de sempre parecer deixaram parecer que fazem de mim o juízo de uma amigo fraterno, de cabeça, coração e corpo aberto para com elas.

Para evitar decepções como esta para mim e mais juízos mals sobre mim nas mentes e corações de minhas amigas não convido mais nenhuma delas para ir a abricó ou outro lugar qualquer, nem mesmo para um cinema, festa,teatro, um vinho num lugar mais sossegado onde duas ou mais pessoas podem conversar numa boa, pois com certeza acham que cultivo uma vã esperança de leva-las pra cama depois de uma boa conversa, e não apenas no ponto do ônibus ou na estação do metro para irem pra casa.


Abricó é uma praia linda e a maioria das pessoas que a freqüentam são lindas também, de corpo e alma. Curioso que as pessoas que mais admirei de corpo e alma em abricó, quando ainda eu podia enxergar direito, foram as pessoas de mais de 60, 70 anos que conseguem embelezar seus corpos castigados pelo tempo com as almas deslumbrantes que eles abrigam.


Infelizmente, agora, nem isso posso enxergar  nem mesmo as belezas naturais de praia, já que sofro de catarata no olho direito e um forte astigmatismo no olho esquerdo que fazem com que sob a luz forte do sol, ou mesmo em dias parcialmente nublado eu só veja vultos a qualquer distancia maior que 50 centimetros.


De qualquer forma abricó esta lá e qualquer pessoa, homem ou mulher pode visita-la, seja por iniciativa própria, convidada, ou por indicação,desde que se disponham a tirar a roupa e ficar totalmente nua logo na entrada. Isso vale para as pessoas a quem eu  indico Abricó, e para as pessoas que já convidei, que já foram comigo ou que nunca foram ao meu convite por achar que minha intenção não seria propiciar um dia de lazer puro, saudável, entre pessoas saudáveis, mas sim só por querer vê-las nuas.

Que vá a abricó, mas não comigo.

De mim, fica a certeza de que quando você descobre que uma ou mais pessoas fazem um mal juízo de você mas, involuntáriamente ou não deixam transparecer ao contrário, a descoberta é decpcionante e triste, mas pelo menos lhe dá a o direito de passar a fazer um mal juízo delas, pelo menos no que tange achar que elas mereciam você lidar com elas de mente,coração e corpo aberto.

 E mais, automaticamente fechar a mente o coração e o corpo para essas pessoas, tanto no trato pessoal, como no coletivo. E a amizade ou o relacionamento amistoso e cordial,mesmo que distanciado, passa a ser igual camisa de seda queimada de sigarro: dá até pra vestir ainda, mas já não é a mesma!


VÁ A ABRICÓ, MAS NÃO COMIGO! VAI SER BOM, OU ATÉ MELHOR, DE QUALQUER JEITO!

Aché, Amor Livre e Luta!

Deley de Acari





quarta-feira, 18 de março de 2015

MAS,... PRA ONDE VAI O FEMINISMO NEGRO,MESMO? SABENDO D’ONDE VEM?






  Não sei se sei. Só vou saber d’agora escrevendo este texto e postando lá no meu blog.

Uma  pista: “ o pensamento parece uma coisa atoa  mas como é que a gente voa quando começa a pensar.” Sabença de Lupicínio Rodrigues.

Saber coisas dessa linhagem, feminismo negro, pode-se se saber mais sabendo  se começar a pensar voando pra dentro de si mesmo.

Claro que, um homem negro como eu, jamais vai conseguir voar tão fundo nas fundezas do Tempo que é a alma que Olorum deu a cada um de, como uma mulher negra pode mergulhar.


Esse mergulho  de sabença sobre feminismo negro é inevitável e mesmo desejável que se submerja nas águas da afrodiáspora no Brasil.


Por exemplo: é certo, ou quase, que o Quilombo do Palmares, na verdade era uma rede de quilombos que se espalhava num perímetro de dezenas de quilômetros. Suas primeiras edificações datam do inicio dos anos 1.600 e a principal fortaleza de Palmares teria sido destruída em 1695.

Há evidencias que indicam que apesar da morte de Zumbi e a destruição da fortaleza principal a resistência palmarina tenha ido até pelo menos 1707.

Pesquisadores e historiadores nos informam que, pelo menos um quilombo dos 12 que compunham a rede de quilombos do Quilombo do Palmares, foi comandado por uma mulher. Isso por dezenas de anos. Me atrevo a presumir que essa comandante guerreira tenha imprimido no quilombo que comandava, mais que um toque feminino, uma forma de relações de gênero internas onde a opressão sobre as palmarinas era mínima ou inexistente.

Poderia escrever sobre outros exemplos, passando por Luiza Mahin na Salvador das  quatro  primeira  décadas do Séc. 19.


Pela seita Gélédes, ou pelo protagonismo de yalorixás, mulheres sacerdotisas que assumiram a frente dos terreiros, nos fins do Século 19 até hoje.

Mas, levando-se em consideração que, quanto mais velho se fica, mas a memória coletiva fica rala, vou dar um vôo de pato, na minha mente senil e pousar num ponto onde vi e vivenciei o feminismo negro nascer, ou melhor germinar sobre a terra já que já era planta crescendo sob a terra antes de brotar nos salões do IPCN nos fins dos anos 70, numa fase de retomada do Movimento Negro,ou revigoramento.


Antes de continuar preciso dizer que, pra mim e, certamente para muitas outras pessoas negras e afrodescendentes como eu, é racismo e eurocentrismo dizer que o feminismo negro, nasceu como dissidência de mulheres negras do feminismo de esquerda americano ou eurodescendente.



É minimizar a importância e desqualificar as resistências individuais, de inicio, e coletivas, inclusive com formação de organizações negras feministas nos fins de anos 70, começo de 80 e principalmente anos 90.


Voltando ao IPCN, minha memória me fala de um dia lá pelo ano de 1979 que presenciei a camarada Dulce Vasconcelos, em meio a uma plenária de cerca de 60 irmãs e irmãos, pelo menos uns 52,54 irmãos e 5 ou 6 irmãs, como nos chamávamos na época, protestar contra os irmãos que iam as plenárias e eventos do IPCN e não levavam suas companheiras e ainda davam em cima das poucas mulheres, irmãs negras, que iam lá sozinhas. Na plenária neste dia, também estava seu companheiro/esposo Jair.

Ambos, Dulce e Jair, lideravam o CEBA, de Niterói ,uma das varias organizações negras do interior. O principal projeto político para libertação das irmãs e irmãos negros, do CEBA, era a criação de uma fazenda coletiva, bem parecida com a de um sítio quilombola, hoje. Um projeto de organização negra rural, que os negros e negras  urbanos e de classe pobre remediada, acham legal, mas pouco viável.

Na segunda parte desse texto, dá pra falar do surgimento das organizações negras feministas surgidas de grupos de mulheres que reuniam no CEAP, no próprio IPCN... isso: do nascimento do Coletivo NZinga, do Crioula, do Bloco Afro Agbara Dudu e da visibilização do lesbianismo negro ainda por aí por esse tempo lá.


Nunca é demais deixar claro que, por melhor e mais louvável que seja o que escrevo sobre feminismo negro aqui no meu blog, nem de longe chega perto o quanto as compas negras podem fazer melhor.