quinta-feira, 20 de agosto de 2009

FUNK. OS EXLCUIDOS DA INCLUSÃO

Deve ter sido um alívio pra burguesia brasileira e européia a maneira com que foi feita a Independência do Brasil: A colônia portuguesa virou nação livre e independente, mas permaneceu nas mãos da mesma classe social, a burguesia, e da mesma familia burguesa, Orleans e Bragança.Depois da forma com que o Haiti se libertou e virou nação: com uma revolução popular que derrubou a classe dominante, o colonialismo e ao mesmo tempo, acabou com a escravidão, foram quase vinte anos de neurose e histeria mundial em todas as metropoles e todas as sedes das colônias aterrorizadas diante da possibilidade de serem a próxima haiti.Todas as possibilidades apontavam pra que fosse a colônia brasil, tal a quantidade de revoltas escravas e populares que se acomularam por aqui, desde a revolução haitiana, passando com a vida da familia imperial, em 1808, até a independência.
A ex-colonia, agora, mais uma, nação independente, não só manteve a classe dominante no poder com todos os seus previlégios, como manteve o crioulo/ qualquer branco, ou negro livre nascido no brasil, como os escravos oprimidos e explorados.Foi com alivio também que essa mesma burguesia brasileira e européia viu o sistema o fim da escravidão e a implantação do trabalho livre, em 1888, e um ano depois de governo mudar de monarquia para república, sem muitos abalos que pudessem fazer ruir os castelos e as fortalezas de poder.
Nem mesmo a familia real foi muito abalada: Seus membros mantiveram seus títulos de nobreza, sua fortuna amelhada, por 4 séculos, de sangue, suor, lágrimas e trabalho escravo.Durante séculos, as manifestações culturais de origem africana permaneceram como "simples" manifestações de terreiro, sem valor comercial, como a mão de obra e o próprio escravo que as criava.Se bem que muitas delas foram "polidas" e levadas para palcos, igrejas,etc, mesmo durante a escravidão, mas sem a noção ainda, que as artes e culturas africanas e afro descendentes pudessem ter valor de produto a ser comercializado, gerando lucro e mais-valia, pro burguês dono de tudo, das pessoas, de suas vidas de suas "criações".
Não sei, se houve formas anteriores, de transformação da arte musical africana de simples arte e matéria industrial e comercial, mas com certesa a gravação do primeiro samba, ou do primeiro lundu, se não foi o unico marco, foi um dos mais importantes, e com certesa, o mais significativo.Não sei se a gente pode contar nessa conta de chegada, a vendagem para europa, e para dentro da própria colônia, das partituras de musicas sacras compostas por algumas dezenas de compositores escravos que criam a cada mês dezenas de missas, cantatas, etc e que obviamente não assinavam suas obras, por serem, como elas mesmas, "coisa", mercadoria.
O africano escravizado e o escravo crioulo, nascido no brasil, eram mercadoria, usada vendida para dar lucro ao senhor, e o fruto do seu trabalho também.O fruto de de sua arte e de sua cultura permaneceu sem valor de mercadoria por quase 4 séculos e meio.Por incrível, paradoxal, que seja, foi como trabalhador livre que viu sua arte e sua cultura "virar" produto industrial e mercadoria vendavel e lucráveis ,para seu ex-senhor, agora patrão.Não sei dizer quantos discos foram vendidos da primeira arte musical negra gravada e comercializada, mas tenho certesa, que o lucro de sua venda, por menor que tenho sido, ficou no cofre do dono dos meios de produção que investiu na sua gravação e distribuição no mercado.
Posso estar errado, mas ao que me consta, nenhum gênero de musica de matriz africana no brasil, tomou a iniciativa de criar sua entidade de classe tebalhadora e aliados/amigos. Não tenho noticia de associação de sambistas, de jongueiros, de hip-hopers, etc criadas no sentido de entidade classista.Claro exitem as UBCs, Sindicatos de musicos,er que congregam artistas de vvarios generos musicas, não só de um como é o caso da apafunk.Ao longo dos séculos, todos os movimentos da burguesia brasileira foi no sentido de fazer mudanças para manter ou poucos incluídos, mais bem incluídos, incluir "alguns" que mostraram "merecer" serem incluidos, dentre os poucos "escolhidos"... Quem não se lembra do "muitos serão chamados poucos serão escolhidos"? Mas para manter a grande maioria excluidas de inclusão.
O e no Capitalismo é assim: tudo pode ser transformado em produto e mercadoria e pode ser vendido para gerar lucro e enriquecer uns poucos, inclusive as artes e culturas de qualquer origem, como funk, antes dele, outras artes africanas e afro-descendentes. Como com samba, o lundu, o jongo, a capoeira, as danças, as artes plásticas de africanos e crioulos, e seus criadores, a inclusão de um poucos incluidos na indústria e mercado cultural capitalista, principalmente, no neoliberalismo, o funk e os funkeiros vivem e sofrem "da mesma e realidade":
A inclusão de uns poucos funks e de funkeiros significa também a exclusão de muitos, da maioria, não importando muito se sua "mercadoria" é boa, tem qualidade, ou não, mas sim, que tenha o valor e a qualidade do tipo de produto mercadoria que esteja sendo mais aceita no mercado pelos consumidores. Seja um funk porno da pior qualidade enquanto arte, ou funk classico e "altamente" valoroso enquanto arte como o rap da felicidade, só pra falar do mais conhecido.
Por isso, por muitas razões, mas principalmente para que o funkeiro e todos que gostamos de funk, entendamos que tudo, que acontecendo com o funk, sua marginalização, criminalização e industrialização e mercantilização num sistema economico capitalista, tem em comum. muito mais que pensamos o Grito do Excluidos, é que vamos fazer essa roda de funk, como tema o Excluidos da Inclusão, aqui em Acari.
E fervorasamente esperamos tembém, que o/as camaradas e companheiradas do Gritos dos Excluidos também possam entender que o que estão organizando, tem tudo em comum com o Funk, e que nossas lutas são lutas de uma mesma batalha, batalha de muitas batalhas de uma guerra chamada luta de classes, que muitas vezes os combates á mão não armada, mas as batalhas á idéias, pensamentos e filosofia armas, podem ser até muito mais crueis e decisivas e até gerar até muito mais vitimas e mortes físicas em ambos o lado antagônicos.
"Que uma idéia ou uma arte pode ser mais letal que mil 762"Dependendo é claro de que cabeça, mãos e bocas às impunha"Desculpem o mediócre e equivocado texto, não sou historiador, economista, cientista social, etc Acho que, mesmo por isso é que não plenamente, possa ser perdoavel, por seu abusado autor, ser um "méris" poeta e animador favelado.
Deley de Acari
Poeta e animador cultural

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