sexta-feira, 13 de novembro de 2009

A PAGINA DA MULHER NUDISTA/NATURISTA

por Florencia Brenner*Tradução para português de Jorge Bandeira**


Pediram para que eu desse início a esta página intitulada “A Página da Mulher Nudista/Naturista”, ou da mulher que quer ser nudista ou mesmo a de que nunca quis ser naturista.
Nós mulheres temos nossa própria história cultural, uma forma de educação toda particular, diferente da maioria dos homens e que fazem a diferença na hora de tirar a roupa e de vencer o presente pudor que nos persegue ao longo de várias gerações.
Na pré-história a mulher não usava nenhuma roupa, e tampouco tinha o poder de decisão, carecia de auto-estima, era na verdade relegada ao papel de segundo plano, dentre as posições e status possíveis em nossa sociedade.
O homem era o caçador, o que sustentava sua moradia, porém as mulheres é que executavam os trabalhos mais pesados. Sem dúvida, vivia-se uma grande contradição, onde a “Mãe Terra”, conhecida como “A Vênus de Lespure” (uma de suas múltiplas versões) era representada como uma mulher obesa, de grandes seios e sem rosto, que tinha a missão de cuidar de seus filhos, os seres humanos, e dar-lhes todo o necessário para a sua subsistência e garantir a procriação da espécie humana. Existe por um acaso papel mais relevante na Terra?
Surge aqui a primeira grande contradição. Somos importantes em nossa tarefa criativa, temos a capacidade de procriar, de dar sustento aos filhos, de educá-los, e sem sombra de dúvidas historicamente sempre ocupamos um segundo plano na hora das homenagens e dos prêmios, por este motivo muitas das vezes nossa auto-estima está tão em baixa.
Porém, não vamos divagar, vamos direto ao tema proposto para esta comunicação: desde que nasce a mulher tradicional é discriminada com uma cor, a rosa, uma cor que está associada à delicadeza, debilidade, uma cor na verdade indefinida que não tem a mesma força vibrante do vermelho. Acaba sendo um símbolo cromático de que não devemos sair de nosso papel de “desprotegidas”.
Logo, somos submetidas a todos os tipos de condicionamentos culturais: as bonecas, os vestidos, a cozinha, a costura, vestir as Barbies e outras bonecas, jamais chegamos a ser as caçadoras de leões, nem mesmo subimos nas árvores para tirar as frutas escondidas dos donos, nunca julgamos a guerra, a polícia ou os subversivos. O que temos conseguido neste jogo de representações é, no máximo, um papel de vítimas da sociedade.
Então, a mulher entra na fase de adolescente e a primeira coisa que aprende é que a sedução é uma arma poderosa, um poderoso instrumento de poder para compensar a falta de músculos fortes e vigorosos.
Continuamos, observe, no rol das “desprotegidas” e este poder de sedução vem junto com um detalhe importante: a roupa, aquilo que nos marca, nos dá a forma, aquilo que os homens imaginam em suas fantasias, em seus desejos, o que estaria por baixo de toda vestimenta, e que não lhes deixam ver livremente.
Este é o caminho seguro para a valorização do disfarce que promete sem mostrar, que sugere e que acaba cobrindo nossa verdadeira personalidade feminina. É o caminho para o “não”, quando na verdade o que se quer dizer é “sim”, porém este disfarce nos obriga a seguir este jogo de ilusão.
As roupas são desta forma o último obstáculo, a derradeira barreira para quem seja merecedor de todos os tesouros (a nudez da mulher como objeto do desejo), inclusive o “tesouro” da virgindade, outro dos mitos que regulou a vida de muitas das mulheres por séculos. Um mito bastante promissor ao homem, por exemplo, que levava ao altar da igreja à sua mulher, mãe de seus filhos, e mantinha no prostíbulo a sua amante com devoção carnal.
E qual era a mensagem social naquela época?(estamos nos referindo a 500 anos de educação têxtil!). Se você, mulher, vier a perder o seu poder de sedução não vai jamais encontrar um marido, ninguém mais vai lhe desejar, e você, como uma maldição, vai “ficar para a titia”.
Agora temos uma questão para refletir, que é a questão de encontrar respostas para entender a nossa relutância em abraçar a causa do Naturismo, resultando esta relutância em um número bem maior de homens do que mulheres naturistas.
Este pequeno texto procura refletir sobre as teorias possíveis que envolvem esta questão.
Algumas mulheres dizem: eu não fico nua na frente dos outros porque tenho muita vergonha, muito pudor! E o que é o pudor? Este termo, este conceito de cobrir o corpo com roupas, ou uma parte deste corpo é um conceito que podemos, sim, considerar como eminentemente cultural, religioso, se comparamos a pluralidade de diferentes culturas. A mulher mulçumana, por dogmas religiosos extremados, tem o pudor de mostrar sua cabeça, seus cabelos, já uma mulher de tradição Ocidental tem o pudor, a vergonha, de mostrar sua genitália. Observemos que as duas aparentemente tão diferentes, cultural e religiosamente, possuem uma curiosa semelhança: o conceito do PUDOR é colocado para ambas estas mulheres desde suas mais tenras infâncias.
O pudor, neste sentido, é uma criação do ser humano. Muitos dos índios e todos os bebês não possuem a noção deste pudor. Os Naturistas, nós entendemos que todas as partes do corpo são iguais, nem melhores nem piores, não existindo, desta forma, as chamadas “partes imorais” do corpo humano.
Esta é a primeira das premissas, o primeiro entendimento que devemos ter como mulheres que pensam em adotar o Naturismo e os seus benefícios alguma vez em nossas vidas. O corpo é somente um, e o que pode diferenciar uma mulher da outra é a atitude com que se despe, com que fica nua frente aos outros. Se nós, mulheres, assumimos que a nossa nudez é para nosso próprio deleite, algo natural e não como objeto de exibição aos outros, este antigo pudor tende a desaparecer. Algumas mulheres afirmam: sim, eu ficaria nua na frente dos outros, mas agora não posso mais, com “este corpo”, essa idade, nem me animo a ficar nua. Eis aqui neste exemplo uma das mais utilizadas variações do pudor: o pudor estético, ou “o modelo do corpo perfeito”, que não passa de um conceito totalmente temporal e cultural, que se estabelece a partir de um ideal de estética inserido na época em que vivemos. São frutos de um modismo, colocado no mercado consumidor da moda, das grifes. Hoje em dia, por exemplo, as modelos que foram retratadas pelo mestre da pintura Rubens, no Renascimento, seriam consideradas gordas e inadequadas para modelos daquele período, e o contrário também é verdadeiro: as modelos das passarelas de moda do século XXI seriam consideradas inadequadas aos mestres do estilo de pintura flamengo do Renascimento, quiçá não fossem consideradas como doentes pelo grande pintor Rubens, referência das artes plásticas dos séculos XV/XVI.
Uma outra informação da qual devemos nos conscientizar enquanto mulheres é a de que não existem corpos perfeitos, as nudistas celestiais não existem, e que se temos alguma estima por nós devemos aceitar o nosso corpo tal como ele é, como ele se apresenta a nós e aos outros, um corpo sadio, diferenciado e singular, belo, este nosso corpo não pode ser um mero produto de um modelo cultural imposto como uma moda, algo inquestionável.
Algumas de vocês, mulheres, dirão que esta vivência e experiência no Naturismo só podem usufruir as mulheres com mais de 50 anos. Sem dúvida, temos educado e moldado a personalidade de nossos filhos e filhas, hoje na faixa dos 30, 40 anos, e temos feito refletir sobre as “correntes” que nos aprisionaram durante todos os anos, ou seja, falamos a eles de nossas limitações, impostas por uma sociedade cruel, moralista, machista e que escamoteou nossa liberdade, da infância à nossa fase adulta. Para muitas de nós, devemos reconhecer que esta mudança não será possível, pois requer um processo de maturidade e superação muito grande, que não se dará de uma hora para outra.
Devemos ter em mente que as futuras gerações poderão crescer livres destes preconceitos impostos e que poderão elaborar suas próprias convicções, educando desta maneira os seus filhos, educação autêntica, resgatando o conceito de auto-estima que foi perdido ao longo da História.


*Florencia Brenner, escritora argentina,
ativista do movimento naturista daquele país.
Edita o Jornal virtual NUDELOT:

http://www.revistanudelot.com.ar/
**Jorge Bandeira é Historiador,
Naturista do Graúna, no Amazonas.


vicaflag@hotmail.com
(enviado em 14/09/09)

terça-feira, 3 de novembro de 2009

NEM A LIBERDADE DE LER A VULVA E A LUA DA JANELA DE UMA CASA DA FAVELA



As cinco da manhã ou a padaria com o pendrive pendurado no pescoço e um bandsubchef pergunta o que é digo o que é e o que tem.
Ele comenta: cuidado com isso ein coroa? A gente pode se escaldar do senhor.

Tiro o pendrive do pescoço e entrego a ele: taí mano, pode checar...
Ele- To bricando coroa, se escalda não!
Digo:- mano... no clima que anda a favela, ninguem sabw que é quem!... escaldação é a melhor arma de defesa.
LL:-;
Faço amor com uma mulher que sempre desejei... com quem sempre rolou um clima. Beijo-lhe a vulva como um beija-flor...
A vulva sempre foi parte do corpo que sempre me facinou, me encantou, e me deixa perplexo... nada mais estranho, divino
Deslumbrante... nem uma flor que se abre, nem uma lua que nasce, nem um pessego maduro que nos sorri e nos enche a boca d’água antes mesmo de toca-lo com a lingua, acolhe-lo com os labios e sentir seu caldo molhar a lingua enbriagar o coração...
Vulva!
Abro-lhe os lábios, me enebrío com o cheiro acredoce, enbebo a lingua no húmus que mina de sua gruta como se um diamante se amolenga-se em liquido...
Abro-lhe os labios mais um pouco e me encanto com a entrada de seu útero como um viajante que de repente contempla um mundo novo, um paraiso...
A menina levanta a cabeça e pergunta friamente:
-Tá me abrindo assim porque? Voce é ginecologista?

Comprei um binóculo na feira de acari. É da china mas dá pra ver a lua.
Um binóculo sempre foi meu sonho de criança.
Há uma semana que espero pra ver a lua. Faz cinco dias de noite nubrada.
Chega ontem... Daí pinta um noite sem nuvem. Fico a noite toda acordado até a lua vagaro céu todo e quase a aurora ficar em frente a minha janela.
De repente lá esta éla. Nem bem pego o binóculo os meninos soltam fogos e passam correndo sob meu predio.
Eles passam e pego o binóculo e miro pra lua. Tres policiais aparecem do nada e apontam os fuzis pra mim. Mostro que estou vendo a lua... disparam um tiro pro alto e me mandam entrar.

Hoje de madrugada: Ceu limpo de novo... agora vou ver a lua... chego na janela justo na hora que dois meninos para lá embaixo pra falar no radinho... olham pra cima...
- Qual é desse binóculo aí coroa?
Aponto pra lua...
-Deixa pra ver a lua depois meu velho... vai dormir...
Vou dormir... no que acordo a lua não é mais que um pedacin de queijo sendo devorada pela serra do mendanha.
Quem não vive, dorme e acorda, espera a morte e sobrevive na favela não sabe o que é viver sem liberdade na favela.
Voce pode cheirar, chupar, lamber e ver a vulva, voce pode ver a lua da janela,mas sem binóculo...
Dizem que a favela vai ser ocupada por cem policiais do pronasci com suas seus fuzis, suas pistolas... vão espulsar os bandidos e com suas armas e fardas implantar a liberdade.
Vulva e lua, não basta ver, há que se ver com tempo, tempo,tempo,tempo até que o ver vá se transmudando em leitura do universo...
seja o universos que se infiníta lá fora pela janela... tendo a lua como ponto de partida...
seja o que se infinita dentro do quarto meio das coxas de sua amada tendo a vulva como ponto de entrada...
Por isso soui contra toda e qualquer força armada na favela,seja do trafico, seja do estado policial militar armado.
Enquanto houver, qualquer um dos dois, na favela nunca será possivel... andar livremente com um pendrive no pescoço...
NEM A LIBERDADE DE LER A VUA E A LUA NOVA DA JANELA DE UMA CASA DE FAVELA.