terça-feira, 25 de agosto de 2009

O VIGANDOR DEVE CAVAR DUAS COVAS!



O que aconteceu em fim foi uma tentativa de vingança por uma promoção adiada por uma denuncia que encaminhei há tres anos atrás sobre dos maradores atingidos por bala perdida, sem mortes".
Foi muito assim "a ocasião faz o ladrão", ou a caça facil, embora que inesperada, faz do "gatinho" um felino feroz predador.
Felizmente, tanto pra caça, quanto pro predador, o bote, inacreditavelmente errou a presa.
"Olho por olho, dente por dente"
"Não faça ao dos outros o que não queres que atentem aos teus"
" O Vingador deve cavar duas covas"

Pode-se sintetizar nestes tres ditados a resolução do atentado que sofri neste fim de semana.
Não pedi que fosse assim, não quis que fosse assim, não pude impedir que fosse assim.
Se assim foi, foi porque na favela essa é a pior maneira que se entende como a melhor de se defender proteger uma vida. O fato de discordar dessa "melhor" maneira não me livrou de ser alvo dela.
Tenho a nitida imprensão de que que essa maneira tem o objetivo ,mais de proteger o predador da reação de sua caça, e ao mesmo tempo manter o precário equilibrio da paz sem voz de uma comunidade que corre o risco de ser em breve mais uma Unidade Pacificadora da PM. Mesmo um sussuro de dor ou revolta pode abalar os alicerces da torre da segurança pública local.

Da minha parte, desestruturada, corruiída, me aterroriza menos fazer falta as minhas amigas e amigos, e muito mais a falta que me fariam onde que seja "o" depois da morte.
Nem me incomoda mais o fato de um bom número de pessoas saberem o que ocorreu comigo, e apenas uma ou outra ter demonstrado algum tipo de manifestação, negativa que fosse. Só me incomoda o fato de lideres comunitarios defensores de direitos humanos sofrem atentados o agressão estar se tornando tão naturarizado, como se isso acontecesse todo dia, tanto quanto a morte cotidiana de qualquer envolvido no crime.

Talvez por isso por isso, haja o risco, de sistema de defesa tipo olho por olho, não faça ao dos outros o que não queres que atentem aos teus, ou o vingador deve cavar duas covas, serem naturizados e admitidos como melhor metodo de prevenção a atentados a vidas de lideres comunitários defensores de direitos humanos.

Se assim for, vai ser muito ruim porque a vingança biblica, não é o mais humano dos meios de fazer justiça.
Infelizmente assim, grava-se na pela da favela, com ferro e fogo, sem sangue, mas com lagrimas e suor, calcinantes com sangue "freco", maais um carimbo de "caso encerrado", porque entre mortos e feridos se salvaram todos, as custas da execução sumária, com o devido registro de auto-de-resistencia, da esperança, da vontade de lutar, e da certesa de nossas causas só valem a pena se seguirmos a sabedoria do angostinho neto:


"Não basta que seja pura e justa a nossa causa, importante é que a puresa e a justiça estejam dentro de nós"


Posso garantir a todos e a todas que eu amo e que me amam também, que tenho feito tudo pra seguir esses ensinamentos do mestre poeta africano, mas tá cada vez mais dificil seguir essa linha, mas o dia que se tornar impossivel, não exitarei um segundo para fazer do meu sangue o impermiabilizante que protegera a puresa e a justiça da nossa causa, e das minhas lagrimas o nutriente que alimentará a puresa e a justiça na minha mente e no meu coração, dentro das limitações, claro, que possa ser um ser humano falho, mediocre, e e mais defeituoso e sem virtudes que esse camarada de luta que tenho sido eu!

Aché e luta!

Deley de Acari

domingo, 23 de agosto de 2009

CADA HOMEM QUE AMO, TE AMO!



Na calçada da Av. Brasil, em frente a rua souza, 23 de agosto,lá pelas duas da manhã, bati de frente com um pm que há muito quer a minha morte. de dentro da viatura ele empunhou a pistola e mirou no meu peito. Antes que apertasse o gatilho, o motorista pisou no acelador e ele errou o tiro. Se tivesse acertado, nem assim teria conseguido arrancar do meu coração todo ódio revolucionário que nútro por ele, como nunca pensei odiar um homem na vida!
Nem tive tempo de sentir medo da morte. Só tristesa diante a eminência de morrer sem poder dizer a cada homem que amo: Eu te amo!


Homem que amo, como se fruto do mesmo
ventre fossemos, não tenho medo da morte,
só quero viver o bastante pra te dizer:
Tío Astrogildo, Tio mais velho,
comunista, exfuncionário civil da Aeronáutica,
Te amo!


Homem que amo, como se fruto do mesmo
ventre fossemos, não tenho medo da morte,
só quero viver o bastante pra te dizer:
Eu te amo!
Éle Semog,poeta, militante negro!

Homem que amo, como se fruto do mesmo
ventre fossemos, não tenho medo da morte,
só quero viver o bastante pra te dizer:
Eu te amo!
Hélio de Assis, poeta, animador cultural!

Homem que amo, como se fruto do mesmo
ventre fossemos, não tenho medo da morte,
só quero viver o bastante pra te dizer:
Eu te amo!
Henrique Malaquias, líder comunitário de acari!



Homem que amo, como se fruto do mesmo
ventre fossemos, não tenho medo da morte,
só quero viver o bastante pra te dizer:
Eu te amo!
Marcelo Freixo, militante de direitos humanos!

Homem que amo, como se fruto do mesmo
ventre fossemos, não tenho medo da morte,
só quero viver o bastante pra te dizer:
Eu te amo!
Wesley Delírio Black, rapper, vedeoasta!

Homem que amo, como se fruto do mesmo
ventre fossemos, não tenho medo da morte,
só quero viver o bastante pra te dizer:
Eu te amo!
Maurício Campos, militante de direitos humanos!

Homem que amo, como se fruto do mesmo
ventre fossemos, não tenho medo da morte,
só quero viver o bastante pra te dizer:
Eu te amo!
Capilé de Acari, ex-chefe do tráfico na favela de acari!

Homem que amo, como se fruto do mesmo
ventre fossemos, não tenho medo da morte,
só quero viver o bastante pra te dizer:
Eu te amo!
Zé Luis do Maicon, militante de direitos humanos!

Homem que amo, como se fruto do mesmo
ventre fossemos, não tenho medo da morte,
só quero viver o bastante pra te dizer:
Eu te amo!
Willian do Timbau, sóciologo, morador da maré!

Homem que amo, como se fruto do mesmo
ventre fossemos, não tenho medo da morte,
só quero viver o bastante pra te dizer:
Eu te amo!
Mardonio do MST, um dos líderes do Movimento Sem Terra!




Homem que amo, como se fruto do mesmo
ventre fossemos, não tenho medo da morte,
só quero viver o bastante pra te dizer:

Cada homem que amo quanta vontade tenho
De continuar vivo um pouco mais a cada dia
E continuar vivendo a ternura, a gentilisa
o carinho... desse amor que mim me retribuem
como se frutos fossemos do mesmo ventre
de nossas mães, uma só MÃE!

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

ACARI, NÃO TEMOS A GUERRA, MAS AMAMOS A PAZ!

ACARI, NÃO TEMEMOS A GUERRA, MAS AMAMOS A PAZ


Há alguns anos uma inscrição num dos muros da favela de Acari era:



Mas hoje, o espirito que prevalece na comunidade é do título deste texto:A Paz mais importante que a guerra.Hoje, os jornais mais populares do Rio, estampam em suas primeiras paginas manchetes e fotos sobre uma operação com cerca de 70 pms do 09º BPM que resultou numa grande apreenção de drogas, armas e a prisão de quatro rapazes suspeitos de envolvimento com o tráfico de drogas local.Todas as materias destacam que houve a colaboração de um morador que desenhou um mapa dos esconderijos e o entregou pessoalmente no Batalhão.As materias dão pouco destaque ao fato de não ter havido troca de tiros nem mortos ou feridos, seja policial ou tradicante.
Cada leitor de cada jornal certamente fara sua própria leitura dos fatos, mais ou menos induzidos pela visão de cada jornal.Aqui vai mais uma leitura de um leitor de todos os jornais,com a diferença de é um morador da comunidade, e que direto interesse em alguns pontos destacados pelas materias:*Sobre o suposto morador colaborador: Tenho dúvidas se foi mesmo um morador que fez a denuncia, dezenhou o mapa e o levou ao Batalhão. Mas vá lá que seja: Ao revelar que foi um morador, mesmo que preservando sua identidade, por razões óbvias, o Comandante Camelo, do 09 BPM, mesmo se ter a intenção,coloca sob suspeita de serem X-9, todos os vizinhos dos locais onde foram apreendidas as drogas e, consequentemente põe em risco suas vidas.Se sua fonte não é um morador e ele quer preservar um P-2 seu erro é maior ainda, pois põe em risco a vida de moradores, que não tem nada a ver com a guerra entre policia e traficante, muito menos com a politica de segurança pública de confronto e extermínio do Governo do Estado do Rio.
Sobre não ter havido troca de tiros e a prisão, vivos, de quatro supostos traficantes:Desde o rompimento da aliança entre 3º Comando e ADA que ocasionou o surgimento da facção TCP- 3º Comando Puro, e o tráfico de drogas em Acari ter fico sob o comando do Derico de Acari,em 2002, sua quadrilha adotou a politica de não confronto com a Policia. Essa politica de não confronto foi o resultado do trabalho invisivel, mas concreto e palpável, de 03 lideres comunitários e militantes de de direitos humanos locais, inspirados nos projeto de redução de danos, implementados em várias cidades norte-americanas, e a partir de 2005,principalmente no Movimento Critical Resistence, também norte-americano.
Mesmo com a prisão de Derico,sua regeneração e conversão evangélica, os chefes de trafico que o vem sucedendo, tem mantido a mesma politica de não confronto, mesmo revoltados com varias execuções sumarias, tanto de supostos traficantes como de moradores ditos inocentes, nos ultimos tres anos, principalmente cometidos por policiaisdo 09º BPM sob o comando de coroneis que antecederam o atual Comdt. Camelo, que comandou as operação de ontem.Há quem possa dizer, que os resultados da operação de ontem, a apreensão de tantas drogas e armas, sem nenhum tiro e a prisão de supostos traficantes vivos, seja resultado de uma nova filosofia de comando do novo comandante do 09º BPM.Se for, que bom,muito bom mesmo!
Já que nos ultimos 20 anos, pelo menos, o 09º BPM vem sendo comandado por verdadeiros Coroneis de Roça que transformaram aquele batalhão numa verdadeira grande quadrilha de policiais militares assassinos mercenários.As comunidades do Complexo de Acari pagam pra ver, e torcem pra que seja verdade, embora descrente de tudo.As lideres comunitários que implantaram a atual "Politica de Redução de Perdas e Danos de Vidas" no Complexo de Acari, não estão nem um pouco interessados em dividir ou disputar os "louros" e receber as "graças", nem com a policia nem com o trafico, pelos resultados positivos obtidos com tal politica pacifista.
Nossos "louros" e nossas graças já são as vidas de nossos moradores, principalmente, nossos jovens, já que a cada dia que vemos cada um desses "meninos" vivos, é mais um dia de esperança que ganhamos, mas um alimento na nossa inquebrantável vontade de conseguirmos tirar mais varios deles da vida do crime, como temos conseguido fazer, com mais eficácia e mais reusultadosconcretos nos ultimos dois anos.Éssa disputa,essa competição é que gostamos de entrar e estar nela:Disputar com a policia quantos jovens tiramos da vida do crime na nossa comunidade, antes que ela os prenda, ou os mate, que é o mais comum.Cada rapaz, quem ontem vimos com fuzis e sacolas de drogas nas mãos e hoje vemos pegar onibus ou metro ás 06 da manhã pra ir trabalhar na cidade, nos emociona e nos alegra com a alegria humilde de quem só quer lutar pela paz e pela esperança em nosso lugar.
Talvez por isso é que odiamos tanto os dedos duros X-9, de dentro e de fora da comunidade: mais que a própria policia, o X-9 é nosso maior inimigo e a maior barreira para que consigamos tirar jovens da vida do crime.Só como exemplo: Entre os anos de 2007 e 2008, quatro dos sete rapazes executados sumariamente pela policia no Complexo de Acari, faziam parte da nossa politica de redução de perdas e danos,e estavam em processo de saída do trafico,inclusive com empregos chamados "honestos" já garantidos.
A ação perversa e desastrosa de X-9 que os denunciaram preciptou suas mortes antes que pudessemos concluir nosso trabalho.Por isso, se for verdade, que foi um morador que X-9vou os traficantes de Acari para que a operação do 09 BPM tivesse o sucesso que teve ontem, dá até pra entender que ele teve lá suas razões, mas não dá de maneira nenuma pra aceitar e apoiar o que ele fez.Se não fosse a politica de não confronto dos traficantes de acari,ou a politica de não chacina do novo comandoi do 9º BPM, a verdade é que a "ação" desse morador X-9 poderia ter resultado na morte, execução sumaria dos 4 supostos traficantes presos, de moradores atingidos por balas perdidas, e até mesmo de um ou outro policial.
Felizmente, isso não aconteceu, pelo menos dessa vez.A gente não pode falar nem pelos traficantes nem pela policia, ms no que depender da gente, lidereres comunitários e militantes pela Paz e pelos direitos humanos no Complexo de Acari, nossa Politica de Redução de Danos e de Perdas de Vidas Humanas no Complexo de Acari continuaram assim como esta agora e por muitos e muitos: Num Acari, Todo Pela Vida e Pela Paz,mesmo que isso contrarie a vontade e os interesses crueis e perversos dos donos da atual Politica de Segurança Pública de Confronto e Exterminío no Estado do Rio.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

CIBER FEMINISMO

este também é bom
TÁTICAS DE GUERRILHA
Renata Aquino
A Web é feminina. Apesar de óbvio, o fato tem sido esquecido a ponto das mulheres desaparecerem quase ou totalmente de alguns setores de tecnologia. Mas as garotas preparam uma pequena revolução. O ciberfeminismo é a tomada de poder das mulheres invisíveis. São hackers, programadores, administradoras de sistema, engenheiras de software, profissionais de robótica e muitas outras mulheres que querem o que, por direito, também é seu. As mulheres querem a Web.O ciberfeminismo começou no meio dos anos 80. Rachel, a andróide de "Blade Runner", pode ser considerada a primeira heroína do ciberfeminismo. Donna Haraway em "Manifesto Ciborgue" detona a idéia tradicional do ciborgue. Haraway compara o ciborgue, sempre calado e submisso, com a mulher. Só que o ciborgue tem seu sexo disfarçado, é uma máquina, "assexuado".Mas o primeiro problema surgiu quando as garotas decidiram que não queriam ser apenas meros andróides. "Era o verão de 91 e éramos quatro garotas. Estávamos com calor, tudo estava muito chato e éramos muito pobres. Decidimos mudar o mundo da pornografia e fazer pornografia para garotas.Criamos algo usando computadores roubados: Implore (Beg), Puta (Bitch), Caída (Fallen) e Pegada (Snatch). Decidimos que era mais divertido brincar com computadores e passamos a nos chamar VNS Matrix". O relato é de Francesca da Rimini, que junto com Josephine Starrs, Julianne Pierce, e Virginia Barratt foram um dos primeiros grupos de ciberfeministas.VNS Matrix é um trocadilho com Vênus Matrix e é o grupo de garotas mais ousadas entre as ciberfeministas. Para as VNS tecnologia só se faz com muito tesão. "O clitóris tem que ser uma arma apontada em direção à Matrix" é a primeira frase do manifesto das garotas.Além da política, da pornografia e da arte, o ciberfeminismo também representa uma vida mais fácil para as mulheres. Seguindo o exemplo da primeira hacker conhecida da História, Ada Byron Lovelace, as mulheres criaram projetos de tecnologia que servem para o público em geral e para educar outras mulheres. É o chamado tech-empowerment, educação, poder e respeito através da tecnologia.Como fazer mulheres hackers Ainda está longe o dia em que a proporção de mulheres hackers será a mesma que a de homens. Na cena hacker, ao contrário da piada que diz "o bom da Web é que ninguém sabe se você é um cachorro", a questão sexual é transparente e incomoda. As mulheres que querem ser respeitadas em IRCs (bate-papo) de hackers têm que agüentar muita piada e desprezo no início. Adquirir habilidade é essencial e uma garota precisa ser infalível para ser respeitada como um homem hacker principiante.Mas nem tudo são espinhos. As mulheres são muito mais cuidadosas e peritas na área de segurança e estão sendo mais e mais procuradas neste setor de tecnologia. Lucent, Cisco e outras empresas já abriram cursos e oportunidades de emprego específicas para mulheres de tecnologia. Listas e fóruns começam a pipocar na Web para as garotas interessadas em uma lucrativa carreira como hacker de chapéu branco, ou pró-segurança.Há que se espantar é com a demora desses acontecimentos. De acordo com números extra-oficiais, as mulheres são atualmente 54% dos internautas nos EUA. Ou seja, as mulheres são metade da Internet mas sua participação na construção da infra-estrutura tecnológica é quase inexistente.Algumas mulheres, para "chegar lá" no mundo da tecnologia usam de chantagem sexual para adquirir conhecimento e poder. É comum presenciar garotas tentando "subir na vida" seduzindo homens hackers no IRC. O final desta história, no entanto, é triste. Hackers experientes, bem-pagos e mais velhos não costumam ir ao IRC para aprender novos truques. As redes de relacionamento se tornam mais sofisticadas e, no topo da pirâmide, a hacker "desfrutável" tende a ser descartada. Sites como o Old Boys Network ensinam a mulheres de tecnologia códigos de conduta e truques mais úteis do que os aprendidos com script kiddies.O que fazer se suas fotos nuas foram parar na Internet Ser uma hacker, no entanto, não é o desejo de toda mulher. Muitas só queriam entender direito o que significa afinal POP3, SMTP, DNS, IPConfig, 802.11b, Ethernet, Firewall e dezenas de siglas e nomes da tecnologia. Para essas mulheres, o que fazer então quando o spam passa a entupir a caixa postal? O que fazer quando o ex-namorado insiste em mandar um vírus obscuro de represália? E, mais comum e pior, o que fazer quando suas fotos nuas vão parar na Internet?Pamela Gilbert teve que sobreviver a isso. E não só conseguiu se defender do título de mercadoria mais quente do alt.sex como perseguiu o ex-namorado na própria Usenet. Gilbert era, na época, professora universitária de literatura e não tinha nenhum contato com a Internet a não ser o uso de email. Foi através de uma amiga do ex-namorado que ficou sabendo que suas fotos nuas viraram mercadoria na Usenet.A primeira reação foi pavor. Pamela queria se esconder do mundo. Mas esfriou a cabeça e traçou um plano de arrepiar a coluna de qualquer machão na Web. Os postulados Pamela Gilbert para fotos nuas na Web:1. Não se deixe abater. Parar de trabalhar ou se esconder do mundo só vão fazer feliz ao ex-namorado desonesto.2. Dente por dente. Documente todos os passos do ex-amante despeitado. Não adianta tentar reaver as fotos mas mostrar a um juiz os emails da dor-de-cotovelo pode render uma bela indenização.3. Evite violência. Se o moçoilo não se contenta apenas em lhe desmoralizar mas também toma providências como terrorismo tecnológico ou físico, bote a polícia atrás dele. Uma ordem de restrição conseguiu que o ex-namorado de Pamela não chegasse mais perto dela e ainda ficasse desmoralizado.4. Não espere ajuda dos amigos do ex-namorado. Infelizmente a irmandade do machismo é grande. E a ignorância e o desprezo da importância de trocas de email ajudam. Uma associação feminista é a melhor alternativa para buscar ajuda.A perspectiva brasileira e latina O ciberfeminismo no Brasil é virtualmente inexistente. O primeiro trabalho a falar de ciberfeministas brasileiras está em produção atualmente por uma mexicana doutoranda da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro.Amália Eugênia Fischer Pfaeffle é doutora em comunicação e professora universitária. Defendeu e divulgou sua tese sobre ciberfeminismo em revistas e diversas conferências. O trabalho, chamado "Producción de tecnocultura de género, mujeres y capitalismo mundial integrado" já tem versões em português. P.: Por que um trabalho sobre ciberfeminismo?R.: Decidi fazer um trabalho sobre ciberfeminismo por vários motivos:1. Porque é importante que as mulheres se apropiem da tecnologia.2. Porque na Internet se reproduzem as mesmas arborizações que na sociedade. Mesmo que a maneira como as mensagens são trocadas na Web não passem por um centro, uma censura etc. mas alguns conteúdos são patriarcais, racistas, lesbo e homofóbicos e reproduzem de certo modo a sociedade patriarcal. É importante que as mulheres desconstruam também na rede essa sociedade. O patriarcado se reproduz em todos os níveis.P.: Do que se trata o seu trabalho e como tem sido recebido?R.: Meu trabalho é uma análise sobre o Capitalismo Mundial Integrado, as lutas e resistências dos movimentos sociais no contexto da globalização e a Tecnocultura de Gênero. Como se produz o relacionamento entre tudo isso e em que nível de complexidade. Tem sido bem recebido por mulheres interessadas na problemática.P.: Você considera que a mulher irá ganhar mais espaço no mundo tecnológico?R.: Pergunta difícil de responder. Acho que existe muita ciberliteratura feminista na Internet, mas em inglês e um pouco em espanhol. Acho que a cada vez mais as feministas estão preocupadas com o ciberfeminismo. Você encontra desde meninas que respondem agressivamente e na mesma linha que os homens até outras que fazem analises mais filosoficamente complexas.Mas sim, acho que as mulheres vão ganhar mais espaço no mundo tecnológico. Temos apenas que tomar cuidado para não perdermos nossos direitos a qualquer momento. Governos autoritários são a pior hipótese e podem levar isto a acontecer.P.: Qual a sua definição didática de ciberfeminismo?R.: Por um lado, é analise e prática do feminismo na Internet e uma luta mais das feministas por desconstruir o imaginário patriarcal na Internet. E uma proposta teórica sobre o feminismo e a tecnologia cibernética, assim como uma crítica ao patriarcado e ao capitalismo. Por outro lado, trata-se de fazer com que as mulheres tenham acesso à tecnologia e saibam como usá-la.Garotas do barulho São muitas as opções e os projetos para mulheres em tecnologia. Fizemos uma lista histórica e geográfica dos destaques para as garotas que querem mais.LISTA1. Ada Byron Lovelace - A Rainha das Máquinas Programadora e engenheira do primeiro "computador". Inglaterra, 1852.2. VNS Matrix - Francesca da Rimini, Josephine Starrs, Julianne Pierce, Virginia Barratt 3. Donna Haraway - Manifesto Ciborgue4. Old Boys Network - Women Hackers5. Guia Pamela Gilbert para fotos nuas na Web6. "
Producción de tecnocultura de género, mujeres y capitalismo mundial integrado"Matéria publicada inicialmente na Revista Geek e no Jornal do Brasil - Caderno InternetFonte: Magnet (www.magnet.com.br).

CAMARADAGEM AMOROSA

gostei deste texto. partilho com vocês
Por
Emile Armand
Há dois anarquismos, mais exatamente, duas escolas de anarquismo. As duas crescem na liberdade do amor. Uma favorece a promiscuidade irresponsável nas relações sexuais (a comunidade responsabilizar-se-á pela progenitura); a outra favorece o livre contrato, que dá às duas partes liberdades iguais e sanciona as responsabilidades mútuas. (Henrique Seymour, Os dois anarquismos).Quando o mundo se coloca no meu caminho (e sempre o está), emprego-o em satisfazer a fome do meu egoísmo: não "és para mim mais que um alimento; da mesma forma tu me tomas, utilizando-me para teus usos...". pela minha parte, prefiro recorrer ao egoísmo dos homens a recorrer aos seus "serviços de amor", à sua misericórdia, à sua caridade. O egoísmo exige a reciprocidade (toma lá dá cá); nada faz por nada, e se oferece os seus serviços é para que lhos COMPREM... O amor não se paga; mais exatamente, o amor pode muito bem pagar-se, mas somente com amor: um serviço vale outro (Max Stirner, O Único e a sua Propriedade).Por camaradagem amorosa, os individualistas à nossa maneira entendem em especial a integração, na camaradagem, de diversas espécies de realizações sentimentais e sexuais. Quer dizer que a sua tese de camaradagem amorosa implica num livre contrato de associação (anulável com ou sem aviso prévio) acertado entre individualistas anarquistas de sexo diferente, possuindo as necessárias noções de higiene, cujo fim é assegurar os contratantes contra os azares das experiências amorosas, tais como: o repúdio, a ruptura, o ciúme, o exclusivismo, o proprietarismo, a unicidade, a coqueteria, a indiferença, o flerte, o mal-querer, o recurso à prostituição.***É conhecida a história de Carmem, a heroína duma famosa novela de Prósper Merimée, da qual Henrique Meilhac e Luís Halevy extraíram uma ópera cômica célebre, sobretudo pela música de Bizet, tão apreciada por Nietzsche. Carmem, depois de haver seduzido um pobre-diabo, um soldado chamado José, obrigado a desertar e a acompanhá-la para viver a vida, segundo ela, cheia de aventuras e encantos, de contrabandistas. Carmem prossegue sua carreira de amorosa "que faz sofrer" e enamora-se de um garboso toureiro. José não aceita a situação e, roído de ciúmes, apunhala a bela cigana. Em vez de buscar refúgio na serra, após o crime, entrega-se à Polícia, com o que demonstra não ser adequado para o papel que Carmem lhe destinava... Na obra há, entremeadas, quadras sobre "o amor, filho da Boêmia", que se tornaram clássicas.Tenho encontrado camaradas anarquistas a quem a tese de Carmem entusiasmava. "Livre para dar-se a um, livre para tornar e dar-se a outro!". Mas, por mais que me esforce, nada acho, na história de Carmem, que de longe ou de perto, se enquadre numa concepção qualquer de camaradagem. Só acho sofrimento, só conto vítimas. Pode transplantar-se o drama para outro ambiente, transformar os personagens de "Carmem" numa "grande dama" ou num filho de "importante família", e as situações não se modificarão. Um ser humano, argumentando com seu grande amor, arrasta outro a abandonar certo modo de vida e, logrado isto, impõe-lhe a separação.A definição que o comunista-libertário Sébastien Faure nos dá do amor justifica o procedimento de Carmem, assim como vários outros procedimentos. Pode qualquer um escudar-se com a definição segundo a qual "o amor é espontâneo, incompreensível, caprichoso, irresistível", para justificar todas as possibilidades imaginárias de rechaço, abandono, rompimento, ciúmes, que pouca ou nenhuma relação tem com a mais elementar concepção de camaradagem amorosa, visto que esta é algo mais que um encontro fortuito em momento de reuniões distanciadas. Tenho por certo que entre camaradas que se frequentam assiduamente a aplicação da definição de Sébastien Faure engendraria inevitavelmente o sofrimento, como a seguir demonstrarei.Tenho-me encontrado com certos místicos, que me objetam que "o sofrimento é necessário ao aperfeiçoamento ou evolução individual". Se assim é, porque clamar então contra o sadismo e o masoquismo? Não, o sofrimento não é fator de aperfeiçoamento individual, mas sim fator de vingança, de discórdia, de ódio, de inimizade, numa palavra, de empobrecimento ou involução. Concentrar todo o dinamismo individual na vingança ou na discórdia é encolher, secar até a esterilidade o uso das faculdades, que poderiam de outra maneira servir ao desenvolvimento ininterrupto da personalidade.Não ignoro que há indivíduos, espiritualistas ou materialistas, que podem se comprazer no padecimento, encontrando prazer na dor. Mas isto não é mais que um erro de expressão. Tal espécie de seres humanos encontra prazer naquilo que nos faz sofrer, naquilo que o nosso egoísmo reduz ou repele. É uma exceção que confirma a regra.Não é o sofrimento que aperfeiçoa o indivíduo, mas sim a busca, a perseguição de experiências. Quanto mais experiências tiver realizado um ser humano, tanto mais se haverá aperfeiçoado ou enriquecido mentalmente, tanto maior consciência haverá adquirido das suas reações e aptidões, mais conscientemente se haverá dado conta da amplitude do seu determinismo. A investigação pode conduzir a uma tensão extraordinária do esforço pessoal (cerebral ou muscular, ou os dois ao mesmo tempo), mas nisso não há sofrimento nem dor, visto que tal tensão tem como finalidade a conquista de um estado de prazer melhor afirmado, melhor sentido.Disse atrás que a definição que Sébastien Faure nos dá de amor ("espontâneo, incompreensível, caprichoso, irresistível") é suscetível de gerar sofrimento. E isto porque conduz ao rompimento brutal, ao abandono brusco, ao desapiedado "mal-querer", ao deslocamento cruel das associações afetivas, etc. Se o amor é "irresistível" e "espontâneo", o é tanto para o solteiro como para a mãe de seis filhos, para o isolado como para o que vive em matrimônio, para a mulher e o homem jovem como para a mulher e o homem de idade. Em minha opinião, um comunista-anarquista não poderia querer, exceto se fosse mentiroso, que se criasse uma classe privilegiada, a quem as circunstâncias econômicas (ou o seu direito de coabitação, ou a sua recusa a constituir família) colocassem em condições de aproveitar-se da definição do amor, tal como nos formula Sébastien Faure, enquanto existisse uma classe deserdada, sacrificada, numa situação econômica, ou familiar, ou física tal, que não pudesse beneficiar-se de tal definição. E o elemento feminino seria a primeira vítima, coisa que o comunismo-anarquista não pode pretender, estou certo.Os comunistas-anarquistas jamais quiseram, com efeito, que no que concerne a satisfações afetivas alguém seja sacrificado. O "Manifesto de Orleans", novamente aceito pelo grupo comunista-anarquista de Saint-Etienne, afirma que a organização social, que os seus redatores reivindicam, assentará sobre a livre organização de produtores e consumidores, associados com o objetivo de satisfazerem "todas as suas necessidades", entre elas as quais o manifesto cita as afetivas.Do ponto de vista comunista, nada mais natural. Como imaginar uma associação comunista-anarquista em que as necessidades afetivas ficassem por satisfazer? Tal coisa é inconcebível. Não se pode supor que no seio de tal associação um produtor ou uma produtora fique exposto ou exposta a que se lhe negue uma afeição (neste caso, a afeição é um objeto de consumo, e assim o entende o "Manifesto de Orleans", visto que fala de necessidades afetivas). De outra forma, ter-se-lhe-ia prometido, a troco da sua produção "segundo as suas forças", a satisfação de todas as suas necessidades, e, no dia em que não servisse para nada, mandá-lo-iam ou mandá-la-iam passear. Isto é uma zombaria, dir-se-ia, e com razão. E em que situação moral se colocaria o autor da negativa?Nas "necessidades afetivas" estão compreendidas as "paixões", como é natural. A sexologia mostra-nos hoje que os "apaixonados" podem ser excelentes produtores manuais ou intelectuais, mais completos até do que outros. Suponhamos uma associação cujos componentes dizendo-se "irredutíveis inimigos da moral oficial", que põem "tudo em comum", prometem dar a cada um "as possibilidades materiais" de desenvolver, em todos os sentidos, e a gosto de cada um, a sua individualidade". Como se arranjará esta associação se as necessidades da afetividade de algum dos seus produtores "apaixonados" forem objeto de negativa? Principalmente se estes produtores, de um meio inimigo da moral oficial, não tiverem qualquer motivo para negar-se a satisfazer as suas "necessidades"? Não se encontrariam então no direito de se queixarem de exploração?(3) Isto sem contar os produtores ou produtoras com algum defeito físico, e cujas necessidades afetivas, não obstante, podem ser tão fortes como as dos favorecidos pela Natureza. Sem contar os velhos de ambos os sexos, que sentem, não obstante, necessidades afetivas com características iguais às dos jovens. Freqüentemente, esta ou aquele desfavorecido pela Natureza é melhor produtor que os outros. Esta mulher de idade ou aquele ancião possuem, muitas vezes, maior capacidade, maior competência técnica ou mais conhecimentos experimentais, que a maior parte dos produtores jovens.Solução radical consistiria em eliminar velhos e inutilizados. Mas o "Manifesto de Orleans" promete, precisamente, uma "parte igual de bem-estar", "particularmente aos velhos, enfermos ou menos dotados", categorias humanas cujas "necessidades afetivas" em nada cedem às dos outros, como no-lo mostram os fatos. As necessidades afetivas tanto podem ser variadas, simultâneas, plurais, refinadas, etc., como grosseiras ou únicas. Não sei se os autores do "Manifesto de Orleans" pensaram em todas as conseqüências desta parte da sua declaração. Não se pode, porém, negar, no comunismo-anarquista, que por "recusar satisfação a necessidades afetivas" se entenda simplesmente a "recusa em satisfazer necessidades econômicas ou intelectuais". De outro modo, a organização comunista-anarquista seria inferior à sociedade burguesa, em que florescem as mentiras, as traições, as hipocrisias, e, o que é pior, a prostituição.Além disso, defendo a tese de que uma sociedade, arquista ou anarquista, na qual as necessidades afetivas, duma espécie ou de outra, tropecem com a negativa do meio em satisfazê-las, implica ou requer a PROSTITUIÇÃO, ou outro sistema análogo, consistente em pôr a margem uma categoria de mulheres ou de homens destinada, em troca de remuneração adequada, a satisfazer os desejos e as necessidades sentimentais ou sexuais daqueles ou daquelas a quem se opõem restrições ou recusas. E quem diz prostituição diz também proxeneta, rufião e cafetina.Pode-se me responder que estes problemas serão examinados... no dia seguinte ao da revolução. Assim se evita o debate, assim se foge ante a dificuldade! Significa isto, por outro lado, que não haverá comunistas-anarquistas até o dia-seguinte da revolução, isso é, que eles não existem atualmente. E se não há comunistas-anarquitas, como pode se formular um programa, redigir-se um manifesto comunista-anarquista? Fraca solidez há nisto!Em seus Propos Subversis (1920), capítulo "La Femme", o mesmo onde nos expõe sua definição de amor, o camarada Sébastien Faure considera, como eu, que o problema é de atualidade, visto que escreve: "Se no espantoso deserto, que é a vida para a maior parte de nós, se encontra um oásis fresco, repousante e alegre, no qual, chegada a noite e depois de haver, durante o dia todo, caminhando sob um sol abrasador, o viajante se sente feliz por encontrar a tranqüilidade, a amenidade e a frescura, a fonte que acalma a sêde de repouso e refrigério de que necessita, não deveria este oásis, camaradas, ser o amor?". Ora, um problema de atualidade, como este, deve ser resolvido agora, pois de outra forma os que recusam tratá-lo estão expostos, com razão, a que por isso os considerem impotentes para tal. ***Aceito esta concepção do amor (que nada tem, aliás, de original), como um oásis no horrendo deserto da vida, oásis fresco, alegre e repousante, no qual não somente o militante, o propagandista ,como também o simples companheiro encontrarão descanso, refrigério, essa fonte sedativa de que têm necessidade.Mas para que o amor seja este oásis acho que deve despojar-se dessa altivez romântica que o fazia "espontâneo, incompreensível, caprichoso, irresistível", atributos que o tornavam, na maioria da vezes, um sacrifício, um tormento, atributos que justificam os "ciúmes passionais", estado mórbido que leva até o cometimento de assassínios, exigindo medidas de precaução de ordem arquista.(4)Para que o amor seja esse oásis, insisto em que deve ser despojado de seu caráter exclusivo, monopolizador, proprietarista.Enquanto conservar este caráter, será de ordem arquista, pois que implica propriedade ou exclusividade de sentimento ou do corpo do ser a quem se diz amar, subtração ou usurpação de manifestações de suas necessidades amorosas, ameaças feitas mais ou menos ostensiva ou tacitamente.Penso, enfim, que o amor é um sentimento perfeitamente analisável e que deixa de ser espontâneo, caprichoso ou irresistível, conforme se eduque.E afirmo que, produto do organismo, este sentimento é um produto orgânico educável como todos os outros sentimentos, uma paixão cultivável como as demais paixões. Não estabeleço diferença entre o amor e a memória ou a respiração, a paixão amorosa e a paixão pela observação, por exemplo. A educação amorosa ou sensual ou sentimental é uma questão de vontade. E a própria vontade é educável.Desde que o despojemos de seu romanticismo, que se faça dele um objeto de educação e de vontade, pode o amor ser o que Sébastien Faure chama "um oásis no deserto espantoso que é a vida", o que por meu lado chamo uma simples conseqüência da "camaradagem", tão somente. O amor, considerado como manifestação do companheirismo, ignora o monopolismo, o exclusivismo, os ciúmes, como também ignora a recusa e o rompimento. ***Expliquemo-nos melhor. Admito perfeitamente que, até mesmo impostas, sejam a recusa e o rompimento manifestações da personalidade. Mas nego que sejam atos, gestos, provas, mostras de companheirismo. Se o companheirismo é um acordo ou pacto que contraem, para se garantirem mutuamente anarquistas dos dois sexos, por meio da eliminação do sofrimento no seio da associação, para se resguardarem contra os riscos da luta contra o meio hostil ou por cima do meio indiferente, não se concebe no domínio do amor, recusa ou ruptura impostas. De outra forma, é ir contra a própria finalidade do acordo. Se o companheirismo é questão de reciprocidade, de troca de serviços de toda a espécie, não se descortina a razão por que o amor deva ser eliminado da lista dos objetos de reciprocidade.Tenho posto todo o meu empenho para que o meio a que tu e eu pertencemos se estabeleça, exista, prospere, para que as idéias que nos são mutuamente queridas se propalem e sejam acolhidas por um número cada vez maior de unidades humanas. Tenho oferecido aos meus companheiros de idéias todos os serviços compatíveis com as minhas aptidões e os meus conhecimentos. Tenho-te feito conhecer novos camaradas, aberto novos horizontes. Como compensação, quisera o teu afeto, manifestações de carinho (poderia pedir-te outra coisa: reciprocidade econômica, intelectual, recreativa, etc.), e tu recusas. Toma lá dá cá! Consumiste de mim. É graças a mim que a tua concepção de vida se dilatou, transformou, renovou. Que contraíste amizades, que sem mim não terias tido o prazer de conhecer, e agora recusas, justa reciprocidade, a que tome de ti. Bem sabias que eu não faço "nada por nada".Na nossa associação de egoístas, se oferecemos os nossos serviços é para recebermos, em troca, alguma coisa. Pretendias obter ajuda sem reciprocidade? Repara que não apelo para a tua humanidade, para a tua piedade, etc. Trata-se, pura e simplesmente, de um pacto.Conviemos em que, pela delicadeza das variadas manifestações da camaradagem, nos protegeríamos contra as asperezas da luta pela vida, edificaríamos o oásis cuja sombra nos resguardasse dos raios do tórrido sol que passa por sobre o meio anarquista. Pus todo o meu empenho, todo, em criar esta associação de egoístas, edificar este oásis. Mandar-se-me-á passear quando eu peça reciprocidade (econômica, intelectual) afetiva? Porventura um favor não vale outro? Se não tivesse esperado receber o equivalente do que dei, o egoísta que eu sou teria permanecido fora da associação. Não quero prejudicar os meus co-associados, mas tampouco ser por eles prejudicado. Toma lá dá cá! Sem o respeito a esta fórmula, de nada vale a associação.Eis como se explica a tese da "camaradagem amorosa" do ponto-de-vista da ética stirneriana.Perguntar-se-á se admito que se imponha o rompimento em matéria sentimental ou amorosa. Em verdade, fora do mútuo consentimento, concebo o rompimento somente no caso de que um dos dois amantes queira impedir seu companheiro ou companheira de ter afeição por outro ou outra, que não seja ele ou ela, sem querer por isso afastar-se, deixá-lo ou abandoná-lo. Este entrave, que pode manifestar-se em forma de ameaça de separação, aparece-me como um ato de autoridade, de arquismo, justificando, ampla e simplesmente, o rompimento.(5)A "camaradagem amorosa", tal como a entendemos, admite também o casal, a família, a coabitação a dois ou mais (formas que podem ser do agrado de individualistas anarquistas, porque o seu egoísmo encontra nelas satisfação), visto que, única ou plural, concebe muito bem um centro afetivo e amores secundários, duradouros ou passageiros, evoluindo à margem deste centro.Tampouco pretendemos que todos os individualistas anarquistas ou stirnerianos estejam aptos a conceber praticamente a nossa tese da "camaradagem amorosa", e admitimos de bom grado que o ponto de vista que estamos desenvolvendo não se revele eficaz senão em unidades ou associações limitadas em número. Razão a mais para advertirmos os que têm a coragem de proclamar a sua adesão a estas teses, de que, no caso de fracasso, ataque ou qualquer outro obstáculo, podem contar com o apoio dos seus camaradas partidários da liberdade de experiência em todos os domínios. Acrescento que por certos sinais me parece que a porção consciente e inteligente da humanidade se dirige para uma concepção de relações sexo-sentimentais muito parecida àquela a que sempre expusemos. Não devem deixar de ter isto em conta aqueles que trabalham pelo advento duma sociedade anarquista. ***1 - Uma associação de camaradagem amorosa é uma cooperativa de produção e de consumo no terreno do amor. Numa cooperativa agrícola se produzem e se consomem artigos agrícolas. Numa cooperativa de calçado se produz e se consome calçado. Numa cooperativa de camaradagem amorosa se produz e se consome amor em camaradagem. Produtores e consumidores fazem parte da cooperativa para extrair dela os benefícios esperados, compreendendo-se que hão de passar pelos riscos de desvantagens eventuais. Claro que se não tivessem encontrado mais vantagens na cooperação teriam permanecido isolados. E compreende-se que de uma cooperativa individualista possa quem quer que seja retirar-se de acordo com regras previamente convencionadas. Posto isto, não aceitamos do cooperador, enquanto o é, salvo no caso de força maior, recusa de produção ou abstenção de consumo. Não aceitamos que se encaixem os benefícios, se desta maneira se evita o tributo. No caso que nos ocupa, o princípio da "reciprocidade" tem sobre "a lei do coração" a vantagem de equilibrar a produção e o consumo, de suprimir o privilegiado pela aparência, o privilégio do "moço bonitão", ou da coquete, monopolizadores sentimentais ou eróticos; o monopólio do engraçadinho, da dengosa, dos "filhos de papai". Eis aqui porque somos partidários desta forma de associação individualista à base do acordo cooperativo, que designamos por "camaradagem amorosa".2 - Concebemos uma "cooperativa de produção e consumo de camaradagem amorosa" somente para uso dos que consideram as relações sexo-sentimentais mais no que concerne às relações mesmas, que relativamente aos produtores, tomados individualmente. De outro modo, é mais a idéia e o resultado da cooperativa o que nos interessa e justifica a nossa co-participação na empresa, que a própria pessoa dos cooperadores. Como são vários os métodos de seleção no recrutamento dos cooperadores, a liberdade de escolher reside na adoção de um método de seleção com preferência a outro.3 - No tocante ao rompimento do contrato de cooperação (que à vezes é a faculdade de subtrair-se às obrigações contraídas com a associação, depois de haver desfrutado os benefícios), não vejo que seja razoável fazer crer a um camarada que pode contar conosco, se não temos a intenção de respeitar o prometido. Em certos casos, o rompimento do contrato pode ocasionar grandes perdas para um indivíduo ou um conjunto, como prevenimos. Sustento, pois, que é necessário pensar bem, antes de romper o acordo que voluntariamente se adotou, pois de outro modo se expõe o indivíduo (esta é a sanção) a ser, daí em diante, apontado como pessoa em cuja companhia nada se pode empreender sem o risco de que, ao menor capricho, nos abandone. Por este motivo insisto em que o prévio aviso preceda o rompimento do contrato, de maneira que os demais co-contratantes possam prevenir a tempo os inconvenientes resultantes da carência do seu camarada.O contrato entre os associados pode estipular, por exemplo, que a cooperativa está aberta das 14 às 22 horas. O que reivindico é que (salvo em caso de força maior), às 20 e 30, não depare com a porta fechada, porque "em anarquia, cada qual obra segundo lhe parece". O que quero é que, quando eu vá buscar um quilo de feijões, só porque a minha estatura, o meu peso ou a cor dos seus cabelos não agradem ao camarada distribuidor dos produtos, se me diga que é de bom companheirismo dar-me apenas 925 gramas.Tínhamos convindo, quando aderi à cooperativa, em que encontraria ali determinados produtos, nitidamente definidos. Não é compreensível que, pretextando anarquismo, se me obrigue a fazer inutilmente duas horas de caminho. Deveria se ter me prevenido de antemão. É o mínimo que se pode esperar da camaradagem. Porque haverá de ser de outra forma uma cooperativa de produção e consumo de camaradagem amorosa?4 - Advogo, afim de se evitar todo equívoco, que se precisem aquelas manifestações de ordem sexo-sentimental que um co-associado há de esperar encontrar numa cooperativa de produção e consumo de camaradagem amorosa. Não se trata de uma espécie única em valor sexo-sentimental. Trata-se duma associação com o objetivo de procurar tal valor ou valores bem definidos, determinados pelo nosso gosto, pois que, bem informados disto, não pode haver burla nem engano, nem caberá inquirir se foi dado demais ou se recebido de mais, encontrando-se satisfeitos os gostos dos associados.5 - Não se admite que haja privilegiados numa cooperativa. Só porque a forma do meu nariz ou a cor dos meus olhos não agrade ao distribuidor de produtos, justificar-se-á que se me forneça salpicão de cavalo em vez de salpicão de porco, tal como estabelece o contrato? Que, fora da cooperativa de produção e consumo de camaradagem amorosa, tenha eu os meus "privilégios", tolera-se. Mas nela, NÃO! De que teria servido nos esclarecermos, antes de fazermos parte dela, sobre o que esperávamos uns dos outros?6 - Quanto ao "sacrifício" que pode implicar a cooperação, permitam-me que remeta o objetante individualista, cem por cento, a Stirner, que me fará então o favor de reconhecer-me tão individualista como o fora ele. Não deixará de nos objetar que o acordo por nós concluído poderá nos ocasionar posteriores aborrecimentos e que limitará a nossa liberdade. Dir-se-nos-á que, no fim de contas, nós também acabaremos reconhecendo que "cada qual deve sacrificar uma parte da sua liberdade no interesse comum". Mas não é de nenhum modo, em favor da "comunidade", ou de quem quer que seja, que se fará esse sacrifício, como tampouco o será pelo amor da "comunidade", ou de quem quer que seja, que eu firmei contrato. Se me associo, faço-o no meu interesse, e se algo sacrifíco, será isto ainda no meu interesse, por puro egoísmo.Desejaria saber como este objetante, se porventura é camarada, se sentiria numa cooperativa deste gênero, se, sendo ele privilegiado, outros camaradas fossem ignorados, postos de lado, repelidos. Pois é isto o que ocorre a cada passo nos centros burgueses, repito, e por isso vale mais se abster de toda associação desta índole que tolerar nela o monopólio e o privilégio, mesmo após a seleção.7 - Quer se trate duma cooperativa de camaradagem amorosa, quer de outra associação qualquer, com não importa que fins, há benefícios e há incovenientes com que contar, seres e coisas que agradam mais ou menos. Feita a seleção, creio não ser necessário voltar ao assunto, visto que se examinaram de antemão todas as possibilidades e modalidades de "comportamento". Sem isto, é inútil associar-se. Antes me abster, que perseguir um empreendimento com pessoas a quem importa pouco a clareza das relações inter-humanas, ou que não sabem o que querem.Notas 1. De cada 10 mulheres assassinadas no Brasil hoje em dia (século XXI), 8 são mortas por seus atuais "companheiros" ou "ex-companheiros" (maridos, ex-maridos, namorados, ex-namorados,). O que significa que as mulheres costumam dormir e transar com seus mais potenciais assassinos entre todos os homens e mulheres (Nota do Digitador).2. Não se trata aqui da Antigüidade nem da Idade Média. Os dados a que me refiro foram colhidos na imprensa cotidiana de diversos países, no período de 1927 a 1928. O vitríolo, de que ciumentos tanto se utilizaram até o aparecimento da brouwing, está já fora de moda.3. Apresentaram-me o caso de um velho camarada perdido por jovens. Dá-se a esta inclinação o nome de "pedofilia". A sexologia reconhece hoje que esta afeição encontra correspondência na amizade que experimentam certas jovens e mulheres pelos mais velhos, a "presbiofilia". Um centro logicamente constituído poria em relações pedófilos e presbiófilos. Basta estar a par da questão para compreender-se que cada "paixão" poderia, assim, encontrar eco sem causar a menor perturbação "moral" no meio.4. Isto explica o plano de "casas de satisfação física" submetido recentemente ao comissariado de Higiene e ao comitê central do Partido Comunista russo por um membro deste, de nome Saiko, residente em Rostoff, no Don, e funcionário do conselho regional de Cultura Física. Insatisfeito com os resultados até agora obtidos na Rússia soviética, parte do princípio de que é necessária uma reforma radical na "utilização" dos sexos com o objetivo de criar "novas formas de correspondência sexual". Se a informação é exata, Saiko não faria outra coisa senão trazer novamente à luz um projeto acariciado por certos utopistas da Segunda metade do século 18.5. Não vale a pena falar dos casos de violência ou traição, como justificação do rompimento por imposição.Texto retirado do livro A Nova Ética Sexual, editado no Brasil pela editora Germinal em 1960. No original, esta obra data de 1934 e tem o nome La révoltion sexuelle et la camaraderie amoureuse.
Tradução de Roberto das Neves
Fonte: Coletivo Folha (www.geocities.com/coletivofolha/).

FUNK. OS EXLCUIDOS DA INCLUSÃO

Deve ter sido um alívio pra burguesia brasileira e européia a maneira com que foi feita a Independência do Brasil: A colônia portuguesa virou nação livre e independente, mas permaneceu nas mãos da mesma classe social, a burguesia, e da mesma familia burguesa, Orleans e Bragança.Depois da forma com que o Haiti se libertou e virou nação: com uma revolução popular que derrubou a classe dominante, o colonialismo e ao mesmo tempo, acabou com a escravidão, foram quase vinte anos de neurose e histeria mundial em todas as metropoles e todas as sedes das colônias aterrorizadas diante da possibilidade de serem a próxima haiti.Todas as possibilidades apontavam pra que fosse a colônia brasil, tal a quantidade de revoltas escravas e populares que se acomularam por aqui, desde a revolução haitiana, passando com a vida da familia imperial, em 1808, até a independência.
A ex-colonia, agora, mais uma, nação independente, não só manteve a classe dominante no poder com todos os seus previlégios, como manteve o crioulo/ qualquer branco, ou negro livre nascido no brasil, como os escravos oprimidos e explorados.Foi com alivio também que essa mesma burguesia brasileira e européia viu o sistema o fim da escravidão e a implantação do trabalho livre, em 1888, e um ano depois de governo mudar de monarquia para república, sem muitos abalos que pudessem fazer ruir os castelos e as fortalezas de poder.
Nem mesmo a familia real foi muito abalada: Seus membros mantiveram seus títulos de nobreza, sua fortuna amelhada, por 4 séculos, de sangue, suor, lágrimas e trabalho escravo.Durante séculos, as manifestações culturais de origem africana permaneceram como "simples" manifestações de terreiro, sem valor comercial, como a mão de obra e o próprio escravo que as criava.Se bem que muitas delas foram "polidas" e levadas para palcos, igrejas,etc, mesmo durante a escravidão, mas sem a noção ainda, que as artes e culturas africanas e afro descendentes pudessem ter valor de produto a ser comercializado, gerando lucro e mais-valia, pro burguês dono de tudo, das pessoas, de suas vidas de suas "criações".
Não sei, se houve formas anteriores, de transformação da arte musical africana de simples arte e matéria industrial e comercial, mas com certesa a gravação do primeiro samba, ou do primeiro lundu, se não foi o unico marco, foi um dos mais importantes, e com certesa, o mais significativo.Não sei se a gente pode contar nessa conta de chegada, a vendagem para europa, e para dentro da própria colônia, das partituras de musicas sacras compostas por algumas dezenas de compositores escravos que criam a cada mês dezenas de missas, cantatas, etc e que obviamente não assinavam suas obras, por serem, como elas mesmas, "coisa", mercadoria.
O africano escravizado e o escravo crioulo, nascido no brasil, eram mercadoria, usada vendida para dar lucro ao senhor, e o fruto do seu trabalho também.O fruto de de sua arte e de sua cultura permaneceu sem valor de mercadoria por quase 4 séculos e meio.Por incrível, paradoxal, que seja, foi como trabalhador livre que viu sua arte e sua cultura "virar" produto industrial e mercadoria vendavel e lucráveis ,para seu ex-senhor, agora patrão.Não sei dizer quantos discos foram vendidos da primeira arte musical negra gravada e comercializada, mas tenho certesa, que o lucro de sua venda, por menor que tenho sido, ficou no cofre do dono dos meios de produção que investiu na sua gravação e distribuição no mercado.
Posso estar errado, mas ao que me consta, nenhum gênero de musica de matriz africana no brasil, tomou a iniciativa de criar sua entidade de classe tebalhadora e aliados/amigos. Não tenho noticia de associação de sambistas, de jongueiros, de hip-hopers, etc criadas no sentido de entidade classista.Claro exitem as UBCs, Sindicatos de musicos,er que congregam artistas de vvarios generos musicas, não só de um como é o caso da apafunk.Ao longo dos séculos, todos os movimentos da burguesia brasileira foi no sentido de fazer mudanças para manter ou poucos incluídos, mais bem incluídos, incluir "alguns" que mostraram "merecer" serem incluidos, dentre os poucos "escolhidos"... Quem não se lembra do "muitos serão chamados poucos serão escolhidos"? Mas para manter a grande maioria excluidas de inclusão.
O e no Capitalismo é assim: tudo pode ser transformado em produto e mercadoria e pode ser vendido para gerar lucro e enriquecer uns poucos, inclusive as artes e culturas de qualquer origem, como funk, antes dele, outras artes africanas e afro-descendentes. Como com samba, o lundu, o jongo, a capoeira, as danças, as artes plásticas de africanos e crioulos, e seus criadores, a inclusão de um poucos incluidos na indústria e mercado cultural capitalista, principalmente, no neoliberalismo, o funk e os funkeiros vivem e sofrem "da mesma e realidade":
A inclusão de uns poucos funks e de funkeiros significa também a exclusão de muitos, da maioria, não importando muito se sua "mercadoria" é boa, tem qualidade, ou não, mas sim, que tenha o valor e a qualidade do tipo de produto mercadoria que esteja sendo mais aceita no mercado pelos consumidores. Seja um funk porno da pior qualidade enquanto arte, ou funk classico e "altamente" valoroso enquanto arte como o rap da felicidade, só pra falar do mais conhecido.
Por isso, por muitas razões, mas principalmente para que o funkeiro e todos que gostamos de funk, entendamos que tudo, que acontecendo com o funk, sua marginalização, criminalização e industrialização e mercantilização num sistema economico capitalista, tem em comum. muito mais que pensamos o Grito do Excluidos, é que vamos fazer essa roda de funk, como tema o Excluidos da Inclusão, aqui em Acari.
E fervorasamente esperamos tembém, que o/as camaradas e companheiradas do Gritos dos Excluidos também possam entender que o que estão organizando, tem tudo em comum com o Funk, e que nossas lutas são lutas de uma mesma batalha, batalha de muitas batalhas de uma guerra chamada luta de classes, que muitas vezes os combates á mão não armada, mas as batalhas á idéias, pensamentos e filosofia armas, podem ser até muito mais crueis e decisivas e até gerar até muito mais vitimas e mortes físicas em ambos o lado antagônicos.
"Que uma idéia ou uma arte pode ser mais letal que mil 762"Dependendo é claro de que cabeça, mãos e bocas às impunha"Desculpem o mediócre e equivocado texto, não sou historiador, economista, cientista social, etc Acho que, mesmo por isso é que não plenamente, possa ser perdoavel, por seu abusado autor, ser um "méris" poeta e animador favelado.
Deley de Acari
Poeta e animador cultural

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

A DEMOCRACIA "GLOBAL" NAS FAVELAS. 1ª PARTE.

Ao alvorecer do dia 13 de Maio de 1888 a população brasileira era de 6 milhões de pessoas, cerca de 4,5 milhões de negros, 700 mil deles ainda escravos, que algumas horas depois também seriam libertos.
2º METADE DO SÉCULO IX, RIO DE JANEIRO
'Um jovem pobre e sem emprego fixo se desespera com a gravidez da esposa. Sem altennativas de trabalho a curto prazo sái pelas ruas estreitas e becos da cidade do Rio de Janeiro, capital do Império, á caça de escravos fugidos. Nas mãos uma corda, no bolso recortes amassados de anuncio de fulga de esacravos.
Desesperado então com a ameaça de perder a guarda do filho recem-nascido, para a roda dos enjeitados depara-se com um anuncio onde um senhor oferece uma "bela" quantia a quem capturasse e lhe devolvesse uma escrava fugida.
Poem-se então a caça-la até encontra-la num beco, entra em violenta luta corporal com ele, de tl forma que provoca na mulher negra aborto. Sim porque ela estava gravida de uns quatro meses, ao menos.
Feliz e aliviado do medo de perder o filho pra roda dos enjeitados entrega a escrava que ainda se esvai em sangue por entre as pernas ao senhor, recebe o prêmio e vai pra casa viver sua vidinha com o filho a esposa e a sogra.
Este é em sintese o tema do conto "Pai Contra Mãe" do romancista Machado de Assis.
Essa obra prima de ficção é um retrato da realidade cotidiana do Rio do fim do seculo 19.
Uma realidade cruel em que a imprensa burguesa da época se sustentava e bancava cada edição quase que exclusivamente com anuncios, principalmente de escravos fugidos.
Tão logo veio a Abolição em 1888, dois anos depois, a Primeira Republica, promulga a Lei de Vadiagem. O negro passa de escravo a malandro e "migra" das paginas de anuncio de escravos fugidos para as paginas policiais.
A mesma imprensa burguesa que enriqueceu com anuncio de escravos continuou a dar a ex-senzala agora favela motivos o bastante desconfiar e odiar a mídia burguesa e á classe dominante que ela serve, e a fazer o que pudesse para impedir que seus reporteres entrasse livremente nos cortiços e favelas e continuasse a nos xnovar e criminalizar jogando a policia sobre a gente.
A série de materias 'DEMOCRACIA NAS FAVELAS" do Jornal O Globo, começou a ser publicada no Domingo dia, 9 de Agosto, mas para entender bem qual é a dor jornalão nessa historia é ver como ela foi gestada:
" Há oito meses, talvez fosse impossivel fazer a foto que ilustra o "Por Dentro do Globo". A foto é a da equipe de reporteres sobre uma lage da Favela Santa Marta.
Sob o dominio de tráficantes, tarefa de levar 13 reporteres ao topo do morro deveria deveria ser sercada por uma série de cuidados. Ontem, a ida da equipe a comunidade ocorreu sem qualquer tipo de autorização, contato prévio com a associação de moradores ou operação policial
Este é um exemplo de que o Rio vive uma experiencia diferente..."
Transcrição do primeiro paragrafo da seção Por Dentro do Globo, pagina dois, Globo de Sábado, 8 de Agosto de 2009. Assinada pelo chefe da editoria Rio Paulo Motta.
Em seus 85 anos de existencia o Globo, não só ele, mas também seu primo mais novo, Jornal Extra, tem feito pouco ou quase nada pra ganhar a confiança do favelado. Se alguma vez ganhou, abusou dela e a traiu.
É muito por isso a imprensa burguesa, e os reporteres que trabalham para ela tem tido problemas para entrar nas favelas livremente nos ultimos trinta anos.
Seja quem for dentre nós favelados que tenhamos qualquer tipo de !"poder" pra restringir e controlar o acesso dessas midias devemos faze-lo. Não por ditadura, mas, mas muito por instinto de sobrevivencia e letima defesa, individual e coletiva de cada um de nós favelados.
Hoje no Complexo de Acari, no que depender de mim, do meu insignificante poder como um dos lideres comunitários, que eu possa ter vou exercer, pra fazer esse controle, essa auto-defesa prévia.
Isso inclusive a revelia da cúpula do tráfico local que, hoje em dia anseiam por noticias sobre Acari que mostrem o quanto nossa comunidade tem sido a mais pacifica, sem precisar ser pacificada á força pela policia.
Já fui procurado algumas vezes, por reporteres "amigos" pra mediar materias, já fui "consultado" localmente se deveriam abrir a favela. E tenho me negado a fazer tal mediação.
Esse na verdade o unico poder que tenho: fazer uso dos trinta anos de credibilidade e confiança, dura e sofridamente, de militancia favelada, pra dizer o que penso, o que acho, sabendo o peso a responsabilidade que tenho.
Já que basta eu dizer sobre um reporter ou jornal "eu não conheço", "não confio", "se quizer fazer... mas eu não faria"... pra embarreirar eu faço. Claro que outros lideres comunitários em Acari, tem igual ou até mais poder que eu nesse sentido, e o tem exercido tanto quanto eu, mas eles são eles e eu sou eu.
E tanto com relação ao Jornal O Globo, como com relação a reporteres como Carla Rocha, uma das co-autoras das materias Democracia nas Favelas vou ter essa atitude. Já que, em outras vezes passadas, Acari, e lideranças como eu, nos sentimos traídos em nossa confiança e boa fé, por, reporteres á caça de materias especiais, muito mais interessados, em ganhar prestigio e engordar suas vaidades profissionais com os prêmios ESSOS e Pulitzer de Jornalismo da vida, em muito menos por por a imprensa a serviço de forma imparcial e justa, da favela e da periferia.
Vou continuar acompanhado as materias. Ainda volto a escrever. Me aguardem...

AINDA SÓ QUERIA ESSAS ALEGRIAS ASSIM, MAS NEM ASSIM

Acordei sedo pra treinar a menorzada.
Comprei o Globo pra acompanhar as materias
Democracia Na Favela e fui pra quadra.
Dei de cara com duas blaizzers e dois caveirões
do 9° BPM.
Pedi pros meninos avisarem aos outros que não tinha treino.
Hoje seria o ultimo dia pra nos increver num campeonato
de futsal fora da favela. Agora não dá mais.
A menozarda tá triste e frustrada... alguns chorumingaram.
Eu, só maregei os olhos um pouco... acho que não notaram.
Vamos dar um gás no projeto Fome de Bola, Nutrição de Cidadania.
Ainda não consegui entregar os materiais esportivos:
tênis, meião, camisas pra Letícia e pra Milena,
duas meninas de 11 e 12 anos, estrelinhas do time
é motivos pra mim e pra Danny suportamos toda e qualquer
dor e sofrimento pra botar esse projeto pra frente.
Elas são dessas miudinhas, humildes, tímidas e
encantadoras criaturinhas humanas que há aos montes
na favela e que fazem qualquer desesperançado da vida
encontrar nelas razão de viver e continuar lutando...
mesmo que não se saiba mais mesmo pra que e
até quando... Que seja até sempre...
principalmente quando não for possivel
PEQUENAS ALEGRIAS ASSIM.

FOME DE BOLA, NUTRIÇÃO DE CIDADANIA

Organizadores:

Danny Ribeiro
Nutricionista

Deley de Acari
Poeta e Animador Cultural

FOME DE BOLA, NUTRIÇÃO DE CIDADANIA é um projeto que buscar
incentivar o/as praticantes de esportes do Complexo de Acari, principalmente
crianças e adolescentes, á uma alimentação saudável e altenativa.

Embora a saúde fisica e mental dos participantes sejam frequentemente
ameaçadas por incursões da policia com caveirões terrestres e do ar
atirando a esmo sem levar em conta que há centenas de jovens praticando
esportes ao ar livre.

Fazer parte do projeto as modalidades de futebol society,
futsal, show boll, futevoley, judo, jiu-jitsu e atletismo.

FUTEBOL SOCIETY

Categoria Sub-11

1° RODADA:

F.FELIZ TARDE 5 X 2 F.FELIZ MANHÃ
LISBOA UM 7 X 2 LISBOA DOIS
ESTRELA VERDE 2 X 2 FAVO DE ACARI
ESTRELA VERDE MISTO 4 X 2 F. FELIZ MISTO.

2º RODADA:

F.FELIZ TARDE X LISBOA DOIS
F.FELIZ MANHÃ X FAVO DE ACARI
LISBOA UM X F.FELIZ DOIS
ESTRELA VERDE X ESTRELA VERDE MISTO

3ºRODADA:

F.FELIZ TARDE X FAVO DE ACARI
LISBOA DOIS X F.FELIZ DOIS
F.FELIZ MANHÃ X ESTRELA MISTO
LISBOA UM X ESTRELA VERDE

4º RODADA:

F.FELIZ TARDE X F.FELIZ DOIS

FAVO DE ACARI X ESTRELAVERDE MISTO
LISBOA DOIS X ESTRELA VERDE
F.FELIZ MANHÃ X LISBOA UM

5º RODADA:

F.FELIZTARDE X ESTRELA VERDE MSTO
F.FELIZ DOIS X ESTRELA VERDE
FAVO DE ACARI X LISBOA UM
LISBOA DOIS X F.FELIZ MANHÃ

6º RODADA:

F,FELIZ TARDE X ESTRELA VERDE
ESTRELA VERDE MISTO X LISBOA UM
F. FELIZ DOIS X F. MANHÃ
FAVO DE ACARI X LISBOA DOIS

7º RODADA:

F.FELIZ TARDE X LISBOA UM
ESTRELA VERDE X F.FELIZ MANHÃ
ESTRELA VERDE MISTO X LISBOA DOIS
F.FELIZ DOIS X FAVO DE ACARI.

SEMI-FINAIS:

O PRIMEIRO E O SEGUNDO COLOCADO JOGAM AS SEMI-FINAIS POR UM EMPATE.


1º JOGO:

2º COLOCADO X 4º COLOCADO

2ºJOGO:1º COLOCADO X 3º COLOCADO

FINAL: VENC.1º JOGO X VENC. 2º JOGO.

VICE-CAMPEÃO:

CAMPEÃO:

ARTILHEIRO:

GOLEIRO: