quarta-feira, 7 de maio de 2014

SOBRE LINCHAMENTO DE GUARUJA: NÃO SOU DESSES PRETOS QUE VEEM RACISMO M TUDO... SÓ EM QUASE TUDO!

Que se prenda quantos linchadores de Guaruja forem presos. Não dá pra pensar no linchamento só, nem na infeliz moça linchada.
Linchamento é só a execução de uma sentença que á dada para quem cometeu um crime passível de pena de morte.
Desde os tempos da "idade média" a "magia negra" é um crime passível de pena de morte.
Mas na "idade média" magia negra, não tinha tanto o aditivo negra, era mais magia do diabo, coisa do mal.
Magia negra passou a ser magia negra mesmo a partir da escravidão de africanos pelos europeus.
No Sec. 20 , nas Américas magia negra foi ficando restrita a religiões como a umbanda.
Linchamento: Execução sumária coletiva com pena de morte de alguém acusado de um crime bárbaro contra uma pessoa da coletividade ou contra coletividade toda.
Para que haja o julgamento, sentenciamento e o linchamento –exucação sumária, não precisa que esse alguém tenha consumado o crime. Basta que haja a suspeita que tal pessoa possa cometê-lo. EM tais casos, o julgamento, a sentença e execução sumária são um ato preventivo.
Pra mim foi o que aconteceu em Guarujá:
Havia, ou há ainda, alguém suspeito ou suspeita de magia negra,não uma magia negra que potencialmente, não signifique perigo a uma pessoa ou á coletividade, mas um tipo de magia negra que põe em risco, não só a vida de uma pessoa mas das vidas de todos da coletividade, no caso, guarujaense, e o pior e o mais grave, de suas crianças.
Não nos esqueçamos que tal pessoa era, e ainda é acusada de seqüestrar ou estar tentando seqüestrar crianças para praticar com seus corpos, magia negra.
A moça que foi por ser suspeita de ser essa tal pessoa,. O julgamento, a sentença e as condições para o linchamento execução sumária, já estavam prontas. “infelizmente” para a moça, sua família, filhos, amigas e amigas, os juízes, jurados e carrascos, se confundiram e executaram a pessoa errada.
Só que a execução da pessoa errada, não acaba com a sentença, o julgamento, nem com o mérito da execução, já que a tal pessoa, se é que existe, praticamente de magia negra com crianças, ainda esta por aí, por lá, na coletividade guarujaense.
A pergunta que me pergunto é: se a moça executada fosse a pessoa “certa”, seu linchamento seria desculpável, a comunidade guarujaense, seria compreendida e incombinável pelo linchamento, em que pese a violência e a crueldade da forma, já que reagiu a altura a uma ameaça trágica e castatrofica contra as crianças da coletividade?
Mas, assuntando mais matutativamente com relação a esse caso: O que é entendido hoje como magia negra? Bruxaria, macumba, candomblé, quimbanda, feitiçaria?
Magia negra seria então praticada por negros? Ou não precisa ser negro para se praticar magia negra, basta agir como negro ou se acumpriciar com ele, pra ser considerado um ou uma praticante da magia negra?
Não vi escrito ou falado em nenhum lugar, mídia até agora: mas me parece óbvio que a moça executada pela coletividade guarujanse, o fou como bruxa, feiticeira, macumbeira, candomblecista.
E isso pra mim, revela ou desvela o perfil racial do caso.
O crime em questão, a magia negra, é um crime característicos dos negros, ou do Negro.
Cada vez mais nossas comunidades faveladas e pobres vem absorvendo a cultura neopentecostal e a pondo em pratica, norma, moral e tábua de leis a vida de cada um comunitário e da comunidade como tal.
Diariamente dezenas e pastores, dizem aos fieis da igreja e a toda comunidade o que, pelas leis de Deus, é pecado ou é virtude. Pelas tábuas das leis de Deus, pecado e crime, são sininimos, mais que isso... são a mesma coisa.
Nunca deixam claro o que são os pecado/crimes veniais, que podem ser reparados com uma penitencia, jejum, o dízimo a igreja. Mais deixam clara quais são os pecado capitais, puníveis inrreversimente com a perna de morte, morte do corpo e da alma, com o inferno.
E a macumbaria, a feitiçaria, o candomblesismo, ou seja, todas as formas de magia negra, um desses pecados-crimes capitais.
Pecado-crime, não só contra Deus, mas também contra suas leis e contra seu povo.
E parece que Deus dá ao seu povo, o direito de diretamente sem, tribunais intermediários, burocráticos, de acusar, julgar, condenar, sentenciar e executar a pena sumariamente, uma vez, ao menos, encontrado um ou uma possível pecador-criminoso.
Como todo negro ou negra, é potencialmente um macumbeiro, se eu estivesse ou estiver, dentre esse povo que esta organizando atos, passeatas, eventos contra o extermínio da população negra, como a faxina étnica, incluiria o caso do linchamento do Guarujá, como um dos principais pontos de pauta, dos debates, das ações.
Olha só: há seis meses de fazer 60 anos, portanto ficar velho, com 50 anos de terreiro e 40 de Movimento Negro, não sou u desses pretos, agora quase velho que vê Racismo em tudo. Só em quase tudo”

Deley de Acari
Poeta, animador cultural,
Co-coordenador Nacional
Do Circulo Palmarino.