quarta-feira, 28 de setembro de 2011

CORONEL CLÁUDIO DE OLIVEIRA, MAJOR CLÁUDIO DE ACARI, PREFEITO MILITAR E CENSOR.

A prisão do Coronel Cláudio trouxe muitas e tristes lembranças a muitos acarienses.
Vou falar aqui da parte que me toca, que sempre me atingiu:
Cláudio venho para o 9ª BPM, de Rocha Miranda, especialmente para comandar a
Base de Ocupação de Acari, em Junho de 1996. Trouxe com ele a fama de Capitão
do BOPE, de linha dura, tendo sob seu comando, 300 pms.

Ao contrário do peperíodocupação pela Policia Civil, sob o comando do inspetor
Viana e do delegado Vinicius Jorge, hoje no gabinete do Deputado Marcelo, que foi
de relativa calma e respeito aos direitos humanos, a ocupação da PM sob o Comando
de Cláudio foi de bastante terror.

Nas reuniões com lideres comunitários o Capitão costumava dizer duas frases de efeito:
"Pro morador não importa quem dê trantranqüilidadele, a polícia ou o tráfico. Aqui em Acari,agora quem dá trantranqüilidade é a policia"

" O "Seu" Vanderley aí, que do direitos humanos já sabe: Se provar que policial meu errou
eu prendo, e expulso da policia. Prendendo policia ou bandido, ganho minhas medalhas e minhas
promoções do mesmo jeito."
E foi assim, prendendo policiais e bandidos, e/ou matando-os que Cláudio foi de Capitão á Major
em pouco tempo, numa rapidez surpreendente e assustadora, e alevancando consigo, jovens oficiais
tenentes que tão rapirápidonto ele, subiram de patentes, durante a ocupação de acari, vg e lucas.
Contribuiu pra essas promoções, um altissimo índice de auto de resistencias e a gratificação faroeste,
instituida no governo marcelo alencar e continuada na gestão garotinho.

A longa lísta de ocorrencias de abusos policiais militares cometidos durante o comando de Cláudio
nas ocupações de Acari. vg e lucas é tenebrosa, mas, com a maioria dos casos, dificil de provar, pelo
menos até agora, momento de sua prisão... pode ser que, agora algum familiar de vitima, ou familiar de
vitima tome coragem...

Eu, particularmente tive muitos 'bater de frente" com Major Cláudio. Curiosamente, ele sempre me respeitou
por ser um líder comunitário e defensor de direitos humanos que não fazia sacanagem com policia, que não
denunciava policia injustamente.

Meu maior embate com Major Cláudio, sempre foi, na minha área de atuação principal, a Cultura.
Numa festa da velha guarda da portela, no portelão em 2002, discutimos ásperamente porque ele
vinha negando frequentemente a liberação de bailes funk em Acari, os quais eu era co-responsável.


Ele sempre recebia "cordialmente' os organizadores dos bailes na Quadra de Areia, no BPM, em
Rocha Miranda, e pedia que pegassemos o 'nada á opor" na 6ª Feira um, dia ou dois, antes do baile,
na Base de Ocupação em Acari. Então, o oficio vinha indeferido, proibindo o baile, o que causava
pra organização enormes prejuizos, pois metade dos caches, aluguel de equipe de som, bebidas já havia sido pagos.
Lá no portelão, então questionei-o sobre isso, sabia que ele era chefe de segurança lá e fui lá aborda-lo. A unica coisa que se limitou a me dizer é que os mesmos presidentes de associações de moradores que assinavam os oficios solicitando a liberação dos bailes, ligava pra ele pedindo pra não dar o "nada á opor".

Durante seu comando das Ocupações de Acari,VG e Lucas, Major Cláudio se tranformou num verdadeiro prefeito militar de Acari, enquadrando presidentes de associação de moradores e nossas atividades culturais, não bailes, mas também festas juninas...

Tinha carta branca do governador marcelo alencar e depois de garotinho pra fazer o que quisesse. Pode ser até que a lei alvaro lins e outras leis posteriores vieram enquadradar e reprimir o funk e os funkeiros.
Mas, foi o Major Cláudio, que com o sucesso de sua pratica de liberação e/ou negação de nada á opor, pra liberação de bailes funk e festas comunitárias em Acari,VG e Lucas que convenceu ao Governador Marcelo Alencar a delegar aos comandantes de batalhão, o poder sobre a cultura, a arte e o social nas favelas, sub jurisdição de seus batalhões.

A batida de frente com Major Cláudio, no portelão também foi a ultima e nunca mais nos vimos.
Muita água passou por debaixo da ponte desde então, e muita ponte caiu com a força e o poder das águas. Desta vez, a ponte do Major Cláudio... á que ache que ele ainda tem poder o bastante para ressurgir da enchente e reerguer sua ponte.

Soube que sua prisão preventiva tinha sido decretada ontem á noite, mas só tive confirmada sua prisão, ouvindo noticiário no rádio do celular, caminhando pelo meio da favela pra sede do Comite Cultural Popular Poeta Revoucionário Deley de Acari.
Sede onde alias era a Base de Ocupação de Acari, banker de onde Major Cláudio "reinou" e botou terror em Acari durante mais de sete anos.
Base onde hoje, se exercita a pratica da liberdade atraves de artes e culturas libertárias e revolucionárias, coordenadas por um Coletivo de Funkeiros, Hihopers e poetas socialistas... Um coletivo sem chefes, sem capas, sem majores, capitães, coroneis e, sem líderes comunitários traíras. vendidos e grudentos como parasitas nos sacos do poder estatal, municipal,estadual ou federal.

Deley de Acari,
poeta e animador cultural
e desportivo
defensor de direitos humanos
e integrante do Coletivo Gestor
do Comite Cultural Popular Revolucionário
Poeta Deley de Acari

Resposta do Repper Fiell, lider cultural e resistencia comunitária do Morro de Santa Marta

Muitos ainda acredita que é necessário. policia dentro das favelas. Precisamos de voz, de trabalho e de respeito.
Grande Deley, Poeta, Cidadão, Comunicador popular...
abs,
Repper Fiell



Então mano Fiell,
Há cerca de 8 anos vivemos as mesmas amargas experiencias que voces vivem nas comunidades ocupadas po UPPs.

Há cerca de tres semanas Acari foi abalada pela informação que ficaria ocupada 24 horas por dia por tres dias. Os "meninos" ficaram revoltados e nervosos e botaram todos os "bicos" na rua porque não tem dado trabalho a policia e por isso não entendiam o a razão de operação policial tão grande. Nós, do CCPR POETA DELEY DE ACARI ficamos apreensivos, pois havia também a informação que seria ocupado um prédio público dentro da favela, para montar a base da operação.


Embora estejamos ocupando o prédio do antigo dpo com a autorização da associação de moradores, há informações que a secretaria de segurança, devolveu o predio a comunidade, vía associação, com a condição de retoma-lo, se fosse nescessário.
Até hoje a direção da associação não nos deu acesso a esse documento.
Por outro lado, o prédio é alvo de disputas internas de lideranças comunitárias antigas que veem nele moeda de troca para serem cabos eleitorais nas proximas eleições.

Como o grupo do coletivo que dirige o ccpr não toma partido e ainda tem e assume ´posições críticas com relação a estes lideres, eles também querem nos ver pelas costas e nos enfraquecer. E nos tirar o espaço onde concretamente mostramos nossa capacidade de trabalho, mesmo, sem dinheiro é a melhor forma de nos quebrar.
Enquanto lideres comunitários e ex-lideres, hoje ocupantes de cargos de confiança do governo, usam essas condições para obterem ganhos e se darem bem pessoalmente com projetos governamentais e viram seus olhos de ganancia para o predio onde estamos, nós no ccpr lutamos com todas as dificuldades pra manter o espaço aberto e em funcionamento, sem nenhuma grana.

Enquanto eles movimentam centenas de milhares de reais, trocam de carro quase todo ano e compram casas fora da favela, mas trazem pouco ou nenhum beneficio pra comunidade, e quando trazem algum, cobram em troca votos pra seus politicos, nós do Coletivo gestor do CCPR precisariamos de pelo 20 mil reais para por nossos projetos em pleno funcionamento... montagem de um estudio de som e filmes, estamparia, aulas de dança e percussão, cursos supletivos e pre-vestibular e um núcleo de direitos humanos.

Mas, obviamente, só encontramos, da parte de politicos e governos, promessas, que podem ser cumpridas, desde que abramos as pernas e façamos o jogo deles. O que obviamente jamais faremos. Pra uma atividadezinha aqui ou ali sempre conseguimos a doação de um ou outro comerciante, que veem com simpatia o que estamos fazendo e nos ajudam, sem pedir nada em troca, pois compreendem a importancia do que fazemos e que seja feito com autonomia e independencia.
Nosso problema é que, nenhum comerciante de acari, tem grana o bastante pra nos fortalecer de uma vez só, com o que precisamos, cerca de 20 mil reais. O que parece ser pouco pra quem tem algum, mas é muito pra quem não tem tanto...

Por isso, nossa esperança é pouca, mas existente, e nos anima com a certesa de que possamos conseguir este "fortalecimento" de alguma forma o mais breve possivel, para nos fortalecer o suficiente para que nossos inimigos, ao tentarem nos tomar o espaço
esbarrem na existencia concreta de um grande, forte e firme trabalho, reconhecido e apoiado, não só pela comunidade ,mas também por nossos parceiros e aliados de fora.

Fortalecidos de tal forma que nem mesmo a secrataria de segurança publica tenha força suficiente para tomar o espaço que transformamos agora em espaço de alegria, liberdade, felicidade e de bem pra comunidade, e novamente em espaço de tortura, prisão, medo, sofrimento e terror para a juventude acariense e nossas familias.

Deley de Acari,
poeta e animador cultural
e desportivo
defensor de direitos humanos
e integrante do Coletivo Gestor
do Comite Cultural Popular Revolucionário
Poeta Deley de Acari

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