terça-feira, 8 de setembro de 2009

DE FUNK, DE DIÁSPORA AFRICANA, DE LUTAR COM O POVO!



Mano Leonardo,


Marcar reunião, marcar reunião de uma entidade sem discriminação de raça, religião, condição social ou vínculos politicos partidarios, num gabinete de um politico de um determinado politico, mesmo que seja o do chico alencar, é um equivoco, um erro de estratégia que põe ewm duvida, não sua gestão a frente da apafunk, mas da própria apafunk, no cenario cultural do Rio.

Não sou nada na apafunk, não ou diretor, não, não sou profissional ou amigo da apafunk, pelo menos enquanto eu não ver no estatuto, definido qual é o papel e função de cada um dessas categorias de participantes.
Também não sou do hip hop, e embora seja de acari como wesley, quero que voce, como as demais pessoas ligadas ao movimento funk é cultura e a apafunk entendam de uma vez por todas: Acari é um bairro de mais de 120 pessoas, cerca de 80 mil moram e favelas, cada uma delas tem opinião e postura própria diante de coisas da vida.
Varias pessoas como eu, wesley e gaspa, temos também alguma responsabilidade com um determinado grupo grande de pessoas dos quais somos também formadores de opinião.

Tenho exata consciencia da responsabilidade que tenho como lider comunitario, animador cultural, com o poder da palavra que exerço sobre elas.
Eu respondo pelo que digo, pelas opiniões que emito e pelas coisas que faço acreditar e desacreditar as centenas de pessoas no complexo de acari a quem tenho acesso.
Acredito que o gaspa e o wesley... mais ou menos a mesma coisa que eu.
Cada um deles pode muito bem segurar a onda e a rebordosa do que falam e do que pensam publicamente.
Assim como eu seguro as minhas.
E é por saber extamente a força da minha palavra, pelo menos em acari, que sei que, o eu disser pras os pais dos mais de 60 garotos, entre 9 e 13 anos, e adolescentes, dos bondes maiores, sobre a apafunk ou o movimento funk é cultura, é o que vai estar valendo, tanto para o bem quanto para o mal.

O Funk sempre foi forte em Acari,e nas outras milhares de favelas antes, durante, depois, apesar ou com a apafunk é o movimento funk é cultura.
Não só porque o funk é só o funk, mas porque o funk é uma das manifestações culturais da diáspora africana, e é preciso entender a grandesa e a dimensão do que seja a diáspora africana para a África e os afrosdescendentes espalhados pelos quatros cantos do planeta neste 500 e poucos anos de escravidão.

É isso que, como poeta negro, animador cultural educador popular socialista e militante comunitário, pretendo por ao alcance dessa menorzada em Acari.

Diante dessas certesas, qualquer duvida ou certesa que eu possa ter sobre sua gestão a frente da apafunk é tão despresivel, que voce e todos os apafunkeiros, nem precisa se preocupar com elas.

Tanto que essa é a ultima vez que falo da apafunk, seja por e-mail, em qualque lista.
Não vou a reunião da apafunk ou do movimento funk é cultura, nem participo mais de nada, nem de um nem de outro.
Já encarei caveirão voador com pedra e maquina fotografica nas mãos, pra defender a vida de dezenas de crianças e adolescentes que são, ao mesmo tempo alunos da escolinha de futebol do favo de acari, integrantes de bondes de funk mirim e sambistas mirins, e nem voce, nem nenhum profissional do funk ou amigo do funk, da apafunk e do movimento funk é cultura, manifestou solidariedade ou perguntou a mim se precisa de apoio. alías, muitos manifestaram sim: pra me chamar de velho maluco, esclerosado, kamikase, e outras formas negativas que voces, mais jovens usam pra desqualificar, ridicularizar e menospresar a luta e historia de vida que mais-velhos como eu, vimos travando há mais de 40 anos, muito mais tempo que qualquer um de voces do funk, terem nascido.

Tudo bem, mano leonardo, e demais profissionais do funk e amigos do funk e da apafunk: Tranquilidade : A partir desse momento, estou saindo, do caminho da apafunk e do movimnto funk é cultura, da minha parte, não precisam se incomodar mais, até porque, com as grandes conquistas recentes, da apafunk e do movimento funk é cultura, voces não precisam mais de ajudas e apoios tão medíocres e descartaveis de velho mitante como eu.

Agora, no Complexo de Acari, sou lider comunitario animador cultural da comunidade, e como já disse, o funk em acari, existe e existirá desde antes, durante e depois da apfunk e do movimento funk é cultura, e eu vou estar sempre como funk, pelo funk e para o funk em Acari, nem que pra isso tenha que estar contra a apafunk e o movimento funk é cultura.
Se a Guerra é a mesma, mas as batalhas são diferentes como voce me disse por
e-mail, vou ficar ligado agora, já que as batalhas são diferentes, são apenas divergentes, ou se são antagonicas, e quem se pensava ser amigo do lado, na verdade é inimigo.

Por fim, por ultima vez, de vez, deixo a todas e a todos esse poema de Agosinho Neto. Cada um e cada uma de voces, de nós mesmos, que tentemos nos encontrar nele, e vestirmos cada um e cada uma nossas carapuças e nossos elmos pra guerra:

DO POVO BUSCAMOS A FORÇA

Não basta que seja pura e justa a nossa causa
é necessário que a pureza e a justiça estejam dentro de nós.

Dos que vieram e conosco se aliaram
muitos traziam sombras no olhar.
Para alguns deles a razão da luta
era só ódio: um ódio antigo,
centrado e surdo como uma lança.

Para alguns outros era uma bolsa:
bolsa vazia (queria enchê-la)
queriam enchê-la com coisas sujas,
inconfesaveis.

Outros viemos,
lutar pra nós e ver aquilo que
o povo quer realizado.

É ter a terra onde nascemos.
É sermos livres para trabalhar.
É ter pra nós oque criamos.
Lutar prá nós é um destino
é uma ponte entre a descrença
e a certesa de um Mundo Novo.

Na mesma barca nos encontramos.
Todos concordam: Vamos lutar...
Lutar pra que?
Pra dar vazão ao ódio antigo
ou pra ganharmos a iberdade?

E ter pra nós o que criamos?

Na mesma barca nos encontramos.
Quem há de ser o timoneiro?

Ah!.. as tramas que eles teceram!
Ah!... as lutas que ai travamos!

Mantivemo-nos firmes:
No povo buscarámos a força e a razão...
Inexoravelmente, como uma onda que
ninguem trava, vencemos.

O Povo tomou a direção da barca.

Mas a lição está aí, foi aprendida:

NÃO BASTA QUE SEJA PURA E JUSTA A NOSSA CAUSA.
É NECESSÁRIO QUE A PURESA E A JUSTIÇA EXITAM
DENTRO DE NÓS.

Antonio Agostinho Neto,poeta, militante comunista. guerreiro e primeiro presidente da Rep. Popular de Angola, Livre e Socialista.
já falecido.

Então: Foi mesmo muito bom e tenho muito orgulho de ter participadom, mesmo que de forma medíocre e falha, da construção da apafunk e do movimento funk é cultura até aqui.

A gente se vê por aí, em outros fronts da guerra... claro. do mesmo lado e, na mesma batalha.

Axé e Luta!

Deley de Acari,
poeta e animador cultural socialista,
da Favela de Acari.

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