segunda-feira, 25 de julho de 2016

RELEMBRANDO POEMAS ANTIGOS






                                               EVIDÊNCIA NEGRA



à Camila Pitanga



Queriam me

Mulata!



Queriam me

 nada mais

 que uma

 Eminência Parda.



Mas negro-me

 pois sou sim

 uma lindíssima

 Evidência Negra.



 Deley de Acary



INIMIGO DO ARCO-ÍRIS



 à Russa e a Winnie Mandela



Inimigo das raças

inimigo das nações

inimigo dos povos

 inimigo do mundo inimigo

de sua própria raça pois

com sua ira racista impede que

seus irmãos de etnia desfrutem das

 belezas e riquezas que os irmãos de

 outras raças possuem.

Todo racista precisa ser combatido,

vencido e destruído pois desprezará

 e pisará os jardins floridos e

sempre odiará as multicores de um arco-íris

alindando a Terra.



Deley de Acary







CUIDAÇÕES AMIGAS



á Carol Maíra



Cuidando d’ocê

Eu cuido d’eu!

Oce deix’eu

Cuida d’ocê

É seu jeito

De cuida d’eu!



Deley de Acari





PELOS PACATOS QUE SE FORAM

PELOS JUSTOS QUE AINDA VIVEM

PARA QUE MORRAM VELHOS, JUSTOS E SÃOS.



Pelos pacatos que se foram

Que viviam o lado certo

De uma vida errada.

Pelos justos que ainda vivem

Que o senhor os livre de toda

E qualquer cilada

E morram velhos, livres e sãos.

Na calada da noite

Traiçoeiros como serpentes

Os vermes invadem nossa quebrada

Como se a nossa comunidade

Fosse um pais inimigo que

Destroem com ódio e crueldade.

E nossa gente tranqüila seus algozes

Que tem que esmagar nossas vidas

E calar nossas vozes com suas botinas

Sujas de lama de nossas vielas.

Então, na coronha de suas akas

Arrebentam portas e janelas

Destroem nossos barracos

Esculacham nossas mulheres

Escarram brizolas ressequida

De suas narinas nas nossas panelas

Como se fossem latrinas.

Em vão embora como se fosse normal

Toda crueldade e todo mal

Que insensivelmente cometem

Contra nossa gente.

Porque somos pacatos

Pensam que somos covardes,

Porque somos humildes,

Pensam que somos submissos,

Porque somos calados

Pensam que aceitamos sem reagir

Que espanquem, torturem, humilhem

E chacinem nossos meninos.

Porque rosnam e babam feito pittbull

Pensam que nos paralisam

Nos botando terror.

Porque amamos a paz

Pensam que tememos a guerra.

Porque fazem de nossa comunidade

Um campo de concentração pensam

Que ficarão impunes seus crimes perversos

Contra nossa favela.

Porque trazemos os braços abertos

E as mãos vazias e limpas

Pensam que não temos armas

Pra lutar em nossa legitima defesa

Maior que ódio e sua crueldade

É nosso amor pela justiça e verdade.

Eu, que não desprezo o valor

De outras armas escolhi o poema,

o funk, o hip hop e o samba

E faço dele mais as armas







 Pra nosso Acari criar assim
Como o pacato e o justo faz

Um definitivo clima organizado

De paz.



Deley de Acari, Poeta e Animador Cultural 





QUE O FUNK ME LEVE PRA ESCOLA E A LIVRE DO TANQUE


(Pra irmãzinha Lídi Oliveira,

 minha jovem e adoravel mestra)




E minha mãe rezando
Que meu funk me leve pra escola
E a livre do tanque.
O funk e minha libertação
Meu livramento do caveirão.

Meu vô é bom jongueiro,
Meu pai e bom partideiro
Eu quero ser funkeira.

Meu pai esta bolado,
Meu filha, sou do samba
O que eu fiz de errado,
Sou um cara bamba
E meu filha nesse funk,
Num sinistro rebolado.

Meu avo é bom jongueiro,
Meu pai bom partideiro,,
Eu quero ser funkeira
Eu quero ser funkeira,
Meu pai ficou bolado,




Mas meu vô que ta ligado,
Tá sempre antenado
Com o futuro e com o passado,
Disse pra meu pai, minha neta
Vai que vai, nao fique assim bolado...





 Que eu seja jongueiro

E tu um pardideiro,
Minha neta seja funkeira,
Que o jongo, o samba, o funk
é tudo arte negra
Do crioulo brasileiro.

E minha mãe rezando
Que meu funk me leve pra escola
E a livre do tanque.
O funk e minha libdertação
Meu livramento do caveirão

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