NÃO BASTA QUE SEJA JUSTA E PURA A NOSSA CAUSA
Não basta que seja pura e justa a nossa causa.
É necessário que a pureza e a justiça existam dentro de nós.
Dos que vieram e conosco se aliaram muitos traziam sombras no olhar
intenções estranhas.
Para alguns deles a razão da luta era só ódio: um ódio antigo
centrado e surdo como uma lança.
Para alguns outros era uma bolsa vazia (queriam enchê-la)
queriam enche-la com coisas sujas inconfessáveis.
Outros viemos.
Lutar para nós é ver aquilo que o povo quer realizado.
É ter a terra onde nascemos.
É sermos livres para trabalhar.
É ter para nós o que criamos
Lutar para nós é um destino,
é uma ponte entre a descrença e a certeza de um mundo novo.
Na mesma barca nos encontramos. Todos concordam, vamos lutar.
Lutar para que? Para dar vazão ao ódio antigo?
ou para ganharmos a liberdade e ter para nos o que criamos?
Na mesma barca nos encontramos, quem há de ser o timoneiro?
Ah as tramas que eles teceram! Ah as lutas que aí travamos!
Mantivemo-nos firmes: no povo
buscamos a força
e a razão.
Inexoravelmente
como uma onda que ninguém trava
vencemos
o povo tomou a direção da barca.
Mas a lição foi aprendida:
Não basta que seja pura e justa a nossa causa.
É necessário que a pureza e a justiça existam dentro de nós.
Agostinho Neto
Muito boa a poesia do Agostinho Neto. O Blog tá muito legal. Parabéns Deley.
ResponderExcluirabraço, Rafael