sexta-feira, 4 de setembro de 2009

FUNK, OS EXCLUIDOS DA INCLUSÃO CULTURAL

Querido Marcelo,
Antes de tudo quero agradecer essa nova luta pelo funk por ter conhecido você, uma grande criatura humana.E agora, sobre a Roda de Funk, Funk Os Excluidos da Inclusão:Até A Roda de Funk que houve no Amarelinho, nem o Marquinho da Força do Rap havia visto seu filho dançar como seu filho nunca havia visto o pai num palco.A mesma coisa aconteceu com o MC Alex.
O MC Alex hoje não esta mais na Força do Rap tenta carreira solo e Marquinho, junto com a Força, faz um show aqui e ali, esta desempregado, e a participação dele, a roda, na frente da alerj foi um dos raros momentos que ele pode fazer já que foi viabilizada a passagem de onibus dele. A Força do Rap chegou a vender 120 mil , viajou o pais inteiro. Varias das musicas funk da Força se incluem entre as melhores obras musicais da MPB de todos os tempos. Como muitos grandes nomes da MPB os poetas da Força, vivem e situação de pobreza, apesar da riqueza musical de suas obras. Quem quiser conferir só ir numa roda de samba de uma escola de samba dessas aí.MC Alex e Marquinho da Força do Rap vêem com um mixto de alegria do presente e temor no futuro, a iniciação de seus filhos como profissionais do funk.
Temem que num futuro próximo seus filhos tenham o mesmo presente difícil como mc que teem hoje, nas mãos de patrões e empresários do funk.Pode até ser que não tenham um futuro tão difícil, mas poderão ter um futuro não muito fácil, pois ser empregado de patrão, mesmo que o patrão seja bom, nunca é bom.Por isso quero me ater ao debate iniciado entre MC Leornardo e Camarada Mardonio:MC Leonardo é presidente da Apafunk é uma liderança militante do Funk no Rio e no Pais.Camarada Mardonio é um jovem da roça e uma liderança trabalhadora rural reconhecida regional e nacionalmente e que há algum tempo vem tentando articular uma unidade entre os trabalhadores da roça e trabalhadores urbanos.
MC Leonardo como quase toda gente favelada conhecemos pouco sobre o MST e, o Camarada Mardonio, como quase toda gente da roça, conhece pouco a favela e a periferia.Gostaria muito que o debate entre os dois saísse da internet e fosse se "materializar" á sombra do toldo de um birosca de favela, ou sob a lona preta de um assentamento do MST no sentido de estreitar e fortalecer a luta, pelo menos no campo cultural, que onde sabemos lutar melhor.Uma das coisas que vamos propor abertamente pra geral que vai estar na roda de funk aqui em Acari domingo dia 06/09/09 é: nos feriados prolongados e ferias de meio e fim de ano, levarmos, nossos futuros trabalhadores do funk e dos esportes, pra baixo das lonas pretas do MST pra viverem a experiência de serem educados para serem livres e não para serem servos, como tem sido as crianças e adolescentes do MST por seus educadores libertadores paulofreirianos.
Que, mesmo que tenham que vender suas forças de trabalho para o donos da indústria e do mercado cultural, tenham a consciência crítica e criativa e coletiva de um trabalhador libertário e não esqueçam e façam parte da luta pela desapropriação e socialização dos meios de produção das artes e das cultura que estão nas mãos da burguesia, que não plantam nem colhe uma musica, um poema, uma quadro sequer, mas vivem de industrializar e comercializar as artes que criamos, plantamos e colhemos.Não me preocupa tanto possiveis acordos da apafunk com a Furacão 2000 pra fazer programas de radio, produzir cds.
Me preocupa muito mais a apafunk não fazer acordos com o MST, com a CONLUTAS e com sindicatos de artistas, profissionais de cultura pra fortalecer e conscientizar o funkeiro como trabalhador da arte, como um trabalhador da classe trabalhadora e não do patrão que compra sua força de trabalho.É nesse sentido que vamos fazer uma pré-filiação dos funkeiros de acari que vão participar da roda de funk, Funk, Os Excluidos da Inclusão. Apesar dos mais de 70 funkeiros da região de Acari que participaram da primeira roda que teve aqui e do festival, nenhum foi ainda formalmente incluído na apafunk. Pra dizer a verdade, nem os proprios mcs cascudos de acari que fazem parte da apafunk foram incluídos formalmente, ainda, nem mesmo o leonardo que é presidente.
Vamos então fazer essa pré-filiação aproveitando a ideia do Grito dos Excluidos que a companheirada faz no asfalto pra fazer aqui o grito dos funkeiros excluidos do grande sistema industrial cultural comercial da arte e da cultura, e dos poucos que, incluídos, são são explorados pelos patrões burgueses empresários das artes e da cultura e lutam para serem incluídos na legião dos trabalhadores libertarios e libertados.Espero que os momentos históricos para classe trabalhadora urbana das artes e das cultura, como a do dia 1º de Setembro na ALERJ sejam cada vez mais cotidianos e fruto da vitoria de sua luta contra a exploração e opresão da burguesia.E disso, vai depender em muito, mesmo que não em todo, do , da alianças e das cumplicidades que grandes, guerreiras e legitimas lideranças campesinas e urbanas como são o Camarada Mardonio e o Companheiro MC Leornado.
Deley de Acari,Poeta e Animador Cultural da Favela de Acari.

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