Em homenagem a D. Aparecida, MC Betinho e Pâmella Passos.
No Inverno de 1987 foi realizado em Petropolis o3º Encontro Nacional de Poetas e Ficcionistas Negros.
Dos 57 participantes, a maioria, 29, eram de mulheres negras, poetas e ficcionistas.
Profissão de necessidade: mais de 90/º eramos funcionários públicos.
Dentre todos, o unico poeta e escritor negro favelado: eu.
Na verdade havia uma mulher negra, escritora favela que em momento algum deixou de estar presente no nosso encontro, se bem que nas falas e nos debates... nas reflexões de todas todos participantes do Encontro: Carolina Maria de Jesus, escritora negra favelada de Sampa, felecida 10 nos antes, 1977.
Passados 23 anos daquele histórico encontro, não registros de poetas e escritoras negras faveladas no Coletivo de Poetas e Ficionistas Negros Brasileiros, 32 anos depois da morte da Carolina de Jesus e, no limiar das comemorações do 60 anos de lançamento do seu primeiro livro: Quarto de Despejo.
As mulheres negras de uma maneira geral, e as das favela e da roça, em especial, são hábeis historiadoras e memorialistas de seu povo.
Carolina de Jesus e Geni Guimarães são provas disso. Geni tá bem vivinha aí entre a gente pra falar melhor que eu. Ambas viveram a expeeriencia de serem mulheres, meninas negras na roça, e na cidade. E souberam, e sabem como poucas, por no papel, escrever em verso e prosa escrita, arte literária escrita. arte negra.
Em 1987, não havia muitas mulhers negras de favela e da periferia nas Universidades, há que lá estavam cursavam, a maioria, comunicação, letras, história...
Hoje, mulheres negras de favela e periferia, e até da roça, são em bem maior numero nas universidades, pelos menos nas publicas, que eu conheço. Claro, sem bem em menor numero que deveriam. As que lá conseguiram chegar, com a 22 anos passados, estão em grande numero, cursando as mesmas cadeiras. Porque, ou por que? nunca sei, sobre esses quês... Saem da universidade, a maioria imensa, como professoras, pesquisadoras, ongueiras, em bem pouco, como poetas e escritoras? Históriadoras da historia de seu povo afrodescendente... mais, das mulheres que afrodecendentes, personagens importantes na historia da Diápora Africana nas Americas?
Durante a ocupação do movimento estudantil, na uerj, conheci em conversei com algumas estudantes de letras, ficamos de marcar um tricô pra conversarmos sobre isso. Agulhas, linhas e vontade não faltaram. Faltou tempo, e prioridade para deixar vir a lúme a palavra linguagem poetica escrita e oral, não só das mulheres negras da favela e da periferia que estão nas faculdades, e das que estão na písta.
Em 2010, em um ano histórico pras mulheres negras de favela e periferia:
60 do lançamento do livro Quarto de Despejo, da Carolina de Jesus, 180 anos de nascimento do poeta, jornalista e advogado Luis Gama, filho de Luiza Main, africana-brasileira revolucionaria de umas seis revoluções populares no Séc. 19 e 20 na morte dos filhos das Mães de Acari.
Ao contrário do que se possa pensar, há pelos menos tres mulheres negras de favela e periferia prontas á por a lume, as trágicas historias de suas vidas, mais que historia de tragédias pessoais. historias da vida coletiva do povo negro da favela e da periferia. A historia de vida de D. Penha, mãe do pequeno Maicon, D. Maria Aparecida, mãe do MC Betinho, da Força do Rap e de Marilene Lima, estão lá em suas gavetas, em cadernos amarelados e folhas de papel oficio amarrotadas, prontas, não a virar objetos de estudos e pesquisas de favelologos de plantão, mas diários, crônicas, poesias e ensáios de próprio punho e própria voz delas mesmas.
Voces devem estar se pergutando porque Pamella Passos esta sendo homenageada neste texto.
Tudo bem, eu digo, mas não digo tudo agora... só digo que: Pamella Passos e MC Betinho da Força do Rap fazem aniversário, dia 30 de Dezembro, Pamella, não sei quantos anos... MC Betinho, faria 31 anos, se não tivesse sido assassinado covardemente por policiais do 09º BPM em 17 de Dezembro de 2001, 13 dias antes de fazer 23 anos. MC Betinho é filho de D. Aparecida, ávida e desesperada pra contar a verdadeira história de seu filho, que ficou para historia das paginas policiais, como um bandido morto em confronto, em auto-de-resistência...
Não sastifeitos? Pamella Passos é mulher negra, historiadora, ensina história para jovens da periferia.
As vidas de D. Penha, D. Aparecida e de Pamella se enlaçam: MC Betinho foi morto pelos pms em replesália ao apoio que a Força do Rap deu a familia Maicon quando o pequeno foi morto.
Na verdade, a vida de Pamella só se enlaçará com a dessas mulheres, se ela se quiser enlaçada.
Mais aí como é isso... só na continuação deste texto. na proxima postagem... claro, antes do dia 30 de Dezembro. Qua dia de homenagem mesmo de aniversário e no dia mesmo.
Lindo demais!!!!!!!! A história do Betinho por ser completamente covarde, mal explicada e mal resolvida é algo que ainda me emociona, incomoda e gera uma série de questionamentos. Ruim demais essa eterna impunidade em nosso país.
ResponderExcluirConhecer o sofrimento de D. Aparecida de perto é dificil não carregar consigo uma revolta grande!
Parabéns Deley!