quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

CULTURA É FAVELA, FAVELA É CULTURA


Debate realizado no Festival Fala Favela, na UFF dia 19 de Novembro de 2009

Quero agradecer a oportunidade de participar dessa mesa.É uma das poucas oportunidades que tenho tido de me expor como poeta e animador cultural.
Ultimamente, e esse ultimamente tem sido quase sempre tenho sido visto e lembrado como lider comunitário e militante de direitos humanos.
Isso tem eclicisado meu todo de artista como um pequeno meteorito que entre o sol e a terra faz deseparecer o sol.
Quero registrar que um dos maiores estimulos pra compor esta mesa também é a oportunidade de poder falar um pouco das grandes contribuições que cientistas sociais como o geografo demétrio magnoli, a antropologa yvone maggie e o jornalista ali kamel tem da dado ao povo da favela com suas recentes teses sobre raça, cotas pra negros. Etc.
Como o próprio professor demétrio "descobre" em seu livro uma só gota de sangue, as raças começaram a ser inventadas há cerca de 200 anos.
O interesse do professor por essa questão, segundo ele mesmo, começou quando foi matricular sua filha numa creche subsidiada pelo governo federal e teve que declarar a raça da menina.
E ele respondeu raça humana. Garante ele que não foi por represalia ou ironia, mas porque não exite raça mesmo, ou por que a raça é uma invenção, uma construção cientifica nada cientifica.



Com as melhores das intenções possiveis de sua parte, o professor magnoli, usou do poder cientifico legitmado a ele pela academia para decretar que não existe raça pra defender o direito de sua filha branca de classe média alta a estudar numa escola pública de qualidade, e bem sucedido, vem pondo este mesmo poder que lhe confere seus conhecimentos, suas verdades cientificas, pra desiventado as raças, desiventar a raça negra, e não existindo a raça negra, desqulificar a exitencia de cotas para negros nas universidades, empregos publicos, etc e manter os previlegios que os brancos sempre tiveram nestas áreas.

Mas o objetivo principal dessa mesma não é discutir a questão das cotas, mas sim a cultura da favela.

Mas sitar a contribuição destes notaveis cientistas neoracistas é importante pra que o favelado e o negro de uma formal geral entendamos porque somos, ou melhor, porque estamos negros há tanto tempo assim, o quanto estar negro tem sido positivo e negativo, e que por mais paradoxal que possa parecer, só temos a ganhar em deixarmos de estarmos negros.

Os brancos inventaram a raça em proveito próprio, inventaram ciencias como a antropologia para legitimar sua escravisação sobre outros povos não brancos. Ao inventar as outras raças, automaicamente inventou a si mesmo, como branco, e sua raça branca. Como inventor inventou-a como raça superior, não por si mesmo, ou por uma verdade cientifica, mas garantir direito natural e divino de escravisação, exploração e expropriação, por parte de uma elite branca.




Não fomos nós os não brancos que inventamos as raças, não somos nós que estamos desiventando as raças. Durante seculos os brancos ganharam com sua invenção, agora, que, há nem duas dezenas de anos, nós não brancos, em particular negros, começamos a gostar da bricandeira e a descubrir que podemos recuparar tudo que nos foi roubado, fisica, cultural, filodofica, bla,bla, e a ganhar com ela, os brancos resolvem, usando do mesmo poder legitimado por suas ciencias, acabar com a brincadeira.
"Essa minha rabequinhaÉ meus pés e minhas mãosÉ meu roçado me mioMinha pranta de feijãoMinha criação de gadoMinha safra de algodão."

Quando forrei minha mãeA lua saiu mais cedoPra clarear o caminhoDe quem deixava o degredo"
Só que os brancos podem inventar quantas ciencias quiser pra legitimar seus previlegios de classe e de raça. Pode desiventar cientificamente as raças, nossa raça negra, inclusive. Mas nenhuma ciencia humana, falsaou verdadeira vai conseguir inventar ou desinventar um povo, os povos.Para os negros da diáspora espalhados pelo mundo, hoje é mais facil, cientificamente provar que pertence a um dos milhares de povos africanos, do que de uma raça.Foi mais facil pra mim provar que sou de origem benguela, uma das nações tradicionais do que hoje é angola, que ser negro.Pra nos situar no brasil, os afro-descedentes do maranhão podem provar suas origens, majoritariamente gege, um povo africano tão diferente do yorubá ou do benguela, como um catalão é de um germanico.
Se eu fosse hoje reivindicar cotas para negros e branco pobres de um pré-vestibular comunitário da favela do reconcavo baiano por exemplo, incluiria nas minhas reivindicações o direito as cotas para os yorubanos, fons, que vivem do outro lado do atlantico, numa pais inventado pelos europeus, chamado nigeria.Quando o povo judeu exige reparações do branco pelo holocauto, pelo massacre de milhões de judeus, não o exige, para uma pessoa ou uma familia judia, mas pra um povo todo.Reconhecer esse direito ao povo judeu é dizer ao povo judeu e aos povos ocidentais que isso significa também nos auto-rconheicmento de que temos nossos direitos a reparações por 500 anos de trabalho escravo em todos os setores das vida.Inclusive o de cultura.
Eu defendo que, antes do ingles e do frances, se deveria ensinar nas escolas publicas, o latim, o yorubá e o kimbundo.O portugues falado no brasil tem muito mais palavras de origem quimbundo, que estrangeirismos. É só consultar as contribuições de linguistas academicos e de militantes como o compositor, poeta e escritor nei lopes, só pra sitar um que eu me lembro agora.
Falamos no nosso dia á dia, nas favelas, muito mais palavras de origem dos povos africanos dos quais somos descendentes, que de povos europeus. Quem pensa que abajur é frances? enquanto o quimbundo se espalhou por toda lingua portuguesa o yorubá ficou cristalizado nos terreiros de candomblé, isso possibilitou que fosse mais facil se fazer dicionários de yorubá portugueses. hoje um brasileiro, negro ou não que aprendeu ytorubá num terreiro tredicional da baia, poe exemplo, pode, com certa facilidade conversar com um nigeriano, se precisar saber ingles.
Porque que insisto nessa questão da lingua? porque a lingua é um veiculo da cultura e da memoria, e da identidade muito pra além da raça ou da cor, de um povo.



Não quero que o favelado deixe de se reconhecer e se oergulhar de ser negro, mas que se reconheça e se orgulhe de não só ser descedente, mas de orgulhar de ser um kimbundo, ou um kioko, ou um lundo no brasil.

Sobre tudo se orgulhar de que, se não fosse os conhecimentos e as habilidades de seu povo de origem sobre agricultura, metalurgia, medicina tradicional, explorados na escravidão, o mundo de hoje, não estaria no estágio tecnologico de hoje.Mas não quero isso só pra nos orgulhar de um passado, apesar de escravo, rico e venturoso. Mas pra ter a conciencia de que o mundo tem o que tem hoje, é principalmente por causa dos connhecimentos e do trabalho de milhões de africanos, e que temos não só o direito de reivindicar os frutos des 500 anos de trabalho escravo.Podem o professor demetrio magnoli, a professora yvone maggie ou o jornalista ali kamel desinventar a raça negra pra desqulificar as cotas para negros na universidade. A cota, é importante, devemos lutar por elas, por questões mais politicas, filosoficas do que raça.

Mas as cotas nas universidades, no serviço publico, é muito pouco, quase nada. Não devemos lutar mais só pelas cotas, eles podem nos devolve-la pra calar nossas bocas, não queremos mais só as cotas, queremos toda a universidade, todo o serviço publico.Tio Candeia, num dos dias ele parava seu maverique verde á sombra de uma amendoeira na rua piracambu dentro da favela de acari perguntou pra mim e pro carlinhos saci, filho adotivo do solano trindade, se a gente tinha entendido bem a letra do samba axé. Sua maior preocupação é se e gente tinha entendido os versos cante um samba na universidade e verá que seu filho será um principe de verdade.segundo ele, uma das principais inspirações para compor o aché foi ter conhecido as universisdades yorubás na nigeria.
Cantar um samba na universide pra tio candeia, era, muito mais que fazer uma fora de samba lá, ou o samba ser pesquisado lá, mas a uinersidade ser uma terreiro de samba.
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Só que os brancos podem inventar quantaS ciencias quiser pra legitimar seus previlegios de classe e de raça. Pode desiventar cientificamente as raças, nossa raça negra, inclusive. Mas nenhuma ciencia humana, falsaou verdadeira vai conseguir inventar ou desinventar um povo, os povos.Para os negros da diáspora espalhados pelo mundo, hoje é mais facil, cientificamente provar que pertence a um dos milhares de povos africanos, do que de uma raça.Foi mais facil pra mim provar que sou de origem benguela, uma das nações tradicionais do que hoje é angola, que ser negro.Pra nos situar no brasil, os afro-descedentes do maranhão podem provar suas origens, majoritariamente gege, um povo africano tão diferente do yorubá ou do benguela, como um catalão é de um germanico.Se eu fosse hoje reivindicar cotas para negros e branco pobres de um pré-vestibular comunitário da favela do reconcavo baiano por exemplo, incluiria nas minhas reivindicações o direito as cotas para os yorubanos, fons, que vivem do outro lado do atlantico, numa pais inventado pelos europeus, chamado nigeria.Quando o povo judeu exige reparações do branco pelo holocauto, pelo massacre de milhões de judeus, não o exige, para uma pessoa ou uma familia judia, mas pra um povo todo.

Reconhecer esse direito ao povo judeu é dizer ao povo judeu e aos povos ocidentais que isso significa também nos auto-rconheicmento de que temos nossos direitos a reparações por 500 anos de trabalho escravo em todos os setores das vida.Inclusive o de cultura.
Durante a escravidão além do trabalho braçal muitos escravos faziam o trabalho intelectual. Se bem que nas sociedades africanas essa divisão praticamente não existiam.





Quem forja o ferro forja a palavra, é um provérbio africano que diz bem da importância intelectual que os ferreiros que vieram trabalhar na minas e na fundiçãodemetais preciosos como o ouro.
Há informações de escravos tocando em bandas e orquestrais de camaras nos teatros mineiros do século 18. Há evidencias que as obras de aleijadinho foram não sóesculpidas por ele, mas também por escravos escultores a seu serviço.

Acho que é legal falar de cultura da favela, mais acho mais legal ainda falar de culturas de uma mesma favela, é acari por exemplo, uma favela de cerca de 45 mil moradores, convivem harmonicamente, mas quase sem se tocar cultura reggae do maranhão, forró tradicional pop, cultura banto no samba e uma nova entre aspas cultura negra que esta surgindo no caminho da rota colização entre as culturas afriticanas e a judaico cristans neopentecostais.
Quem passa pelas ruas das favela num sábado a noite na frente de igrejas neopentecoctas pode ouvir o som das mãos pesadas bantendo forte nos pandeiros toques de oxum, nana e de obaluaie enquanto cantam louvores.

E não podemos deixar de registrar que cada uma das mais de mil favelas tem sua cultura própria, diferente. De acordo com a maior ou menor influencia que do exodu de cada região brasileira.

Seja qual for quantas foram as diversas culturas numa favela, ou de favela pra favela
Há duas coisas em comum entre todas, são de matriz africana e são culturas de povos escravisados.

Culturas que por incrível que pareça durante a escravidão não tinha valor de mercado que seus criadores tinham como escravos.
Talvez esteja errado,errando por falta de informações históricas, mas foi só como ser humano liberto da escravidão que nós afrodescendentes passamos a ter nossas artes e nossas culturas transformadas em produtos vendidas como mercadoria.

Não deveria ser nenhuma suprersa o fato da cultura negraurbana tem uma ligaçao tão próxima com a tecnologia, afinal, o primeiro som gravado por uma maquina de som foi um lundu, gravado acho que em 1918, por uma casa comercial.
Interessante que muitos escravos conseguiram comprar sua alforria e de sua família com
sua arte, sobreviveram dela até fim da vida sem nunca ser empregado, trabalhador livre, assalariado de patrão. É o caso, não único, mas exemplar de fabião das queimadas,que nasceu escravo no rio grande do norte em 1848, vendendo grãos de uma pequeno pedaço de terra,couro de boi e bode,comprou uma rabeca, e tocando e cantando nos sitinhos e fazendas para comprar sua liberdade,de sua mãe,de uma sobrinha com a qualse casal e depois de livre cointinuo tocando e cantando pra criar e sustentar 15 filhos até morrer de tétano em 1928.


Acho que dá pra esticar uma linha do tempo desde o primeiro lundu gravado passando pelos sambas e outras manifestações culturais musicais afrodescendentes até o funk hoje em dia.

O funk, como todas as manifestações culturais de origem africana, ainda é um canto livre em boca escravisada. E como tal, mesmo quando és ó diversão é arte, é resistência,porque arte negra cantada por boca escrava. Que com os dentes e a ponta de língua rasga a mordaça mesmo que seja só pra cantar putaria.


Sair da favela pra cantar putaria na universidade quando todos esperam belas letras protestando contra a violência e clamando por paz e união, pode não ser revolucionário, nem agradar aos sizudos xenófobos defensores do funk de raiz, mas poder ser um ato de resistência, não propriamente, a academia, mas aosque se julgam com o poder cientifico
De dizer o que é ou não é funk,samba, reggae de verdade.

Um maluco chamado nitchie disse certa vez que só acreditava num deus que dançasse.
Se ele conhecesse as deusas e deuses africanos que vieram pra cá nas cabeças e nos corações dos africanos teria dito com certesa: só acredito num deus que dance e copúla, que copúla como quem dança, e que dança como quem copúla.







Talvez ele ainda numa 2º feiras psicografe isso atravéz dum médium num centro espírita qualquer,depois de que como espírito livre qué hoje ter baquiado pelos bailes funk, do rio, o reggae dançado coladinho em são Luiz, pelo ensaio do ilê aíe na baia,
E uma festa de kuduro em Luanda. Ou quem sabe numa língua estranha mesmo dessas que saem das boca de uma negona enquanto ela toca igexá num pandeiro num templo de igreja num canto da favela.

deley

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