quinta-feira, 13 de maio de 2010

O TEMPO PASSA, O TEMPO VOA, MAS O CORAÇÃO DE UMA FEMINISTA Á MODA ANTIGA CONTINUA "DE BOA" PRA MEU AMOR DE ONTEM, DE HOJE, DE SEMPRE.

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Domingo passado, dia das mães, visitei minha tia e reencontrei um antiga namorada, feminista das antigas.
Ele, embora feminista das aintigas, se decepicionou comigo e com meu jeito livre e tão pouco machista-leninista, pra época, há uns vinte anos atrás. Então terminou a faculdade e mudou pra Sampa.
Os poemas que se seguem foram escritos durante os oito meses em que namoramos.
O ultimo poema, “EU QUANTO A VOCE” foi escrito no meio baixo astral em que fiquei depois que ela foi embora. Eu o enviei á por carta, e ela nunca respondeu.Quer dizer, respondeu, neste domingo, vinte anos depois. Conversamos um pouco sobre a vida, sobre o que andamos fazendo agora, das nossas vidas e ela me disse: Já vi que você não mudou nada. Eu também não mudei. Nosso amor não ia dar certo, não é mesmo?
Na pergunta dela, esta a própria resposta.

OGUNTÉ

Impulsiva
Estrela
Marinha
Ardente
Natureza
Justiceira
Amante.

Deley de Acari

MARAVILHOSA

Maravilhosa,você dorme!
sua cabeça carapinha pousada
sobre meu peito de poeta.
Gotas de suór e húmus te molham
a vúlva, reluzem em seu púbis
feito microestrelas que me
embebem os lábios embriagando
minha alma quando faço cafuné
de língua em seu cólo uterino.
Maravilhosa,você dorme!
Seu coração pulsa e tamborila
feito marimba cálida, sua respiração
melodiosa me inspira
como um calímba no cío.
Marevilhosa,você dorme!
Seus seios fartos(de Yabá)
roçam o céu de meus sonhos
como liláses cúmes.

Maravilhosa,você dorme!
Te ver dormir me fascina...
És a prova mais verdadeira
que Deus existe,embora não
acredite Nele.
Nem devo temer,venerar ou
amar a Ele...
Mas sim adorar,amar e
desejar descaramente
somente as DEUSAS!
Maravilhosa,você dorme!
A lua vem lésbicamente
á janela do quarto admirar
sua beleza negra donde
os Orixás escolheram a cor
para abonitar a noite que
era feia por se incolor.
Maravilhosa,voce dorme!
E me abraça e enlaça em
me envolve na paz do seu sono
como um menino em seus braços
me sinto protegido e acolheido.
Sei-me assim nos braços de
Mãe Oxum...que me fez então
libérto da sína do machismo
e a ser como sou agora
e daqui pra sempre...irmão,
amigo,amante,amado,
simplesmente homem!

Deley de Acari

POEMA ORAL

O fogo de teus lábios
tua língua me lambendo feito labareda
o meu sabor, o meu cheiro, o sentir
do meu grelo, veludo-rubi
num suave entumescer dentre
a selva de meu púbis.

E ao mais remoto dos cantos
dos meus cantos vaginais
o teu sugar do par de pares
dos meus lábios molhados
e temperados de suor e sais
docicados pelo mel viscoso
e cristalino do meu gozo que
vem enunciado em sinfônicos ais.

É meu orgasmo, como uma
estrela nova explodindo
reluzente, quescente e rubra
numa galáxia dentre minhas coxas
plasmando raios líquidos
no sequioso céu de tua boca
acredoçando tua neve-língua
que colhe das encostas
do meu monte de Vênus
as gotas densas e lactivas
de minhas celestes seivas transbordantes.

E depois deste êxtase
Ah! Amor, outro êxtase
todo meu universo-mulher
continuando num clímax único
com meu eu-mulher mergulhado

no profundo tesão de se sentir
plena fêmea no sublime
e infinito gozo de um
alucinante repouso cósmico.

AMAZONA NEGRA

Quando te cavalgo
sou amazona selvagem
que te tendo, te deixa ser
meu carapinha, te lanhando
peito e rosto, não é chicote.


É do Cometa-Amor
que existe em mim
negras, reluzentes
caldas múltiplas que
orvalham meu
suor acre-salgado
embebendo teus
lábios de meu sumo.

Suor-bálsamo que lene,
das feridas de me amar
que se abrem em ti,
a dor com o prazer
que o me sorver te alucina.

Do ir e vir
do sexo no sexo
nosso ir e vir
é nosso ir.

Para o êxtase da chegada
não somos
cavalo e Amazona
mas sim um só caminho.

Quando erupe o vulcão
que é o nosso amor
esvai-se por minha garganta
peluda em carne viva
nossas lavas flamejantes
calcinando nossos ventres
e nossas coxas.

Descansamos do descanso
que é fazer amor
quando se ama.

Na esteira, semi-inconsciente,
nem somos neste momento,
um e outro, macho e fêmea
nem sentimos um e outro
homem e mulher...

De tanto nos sentirmos
sentirmos e sermos
Um e outro ao mesmo tempo.

Ainda embriagados de orgasmo,
ansiados nos esperançamos
que esta ao mesmo tempo
esta embriaguez divina
SEJA SEMPRE.

Deley de Acary


EU, QUANTO A VOCÊ

Queria-me forte
encontrou-me tão frágil
quanto a você
Queria-me distante
encontrou-me tão atencioso
quanto a você
Queria-me rude
encontrou-me tão afável
quanto a você
Queria-me impessoal
encontrou-me tão sensível
quanto a você
Queria-me racional
encontrou-me tão emocional
quanto a você
Queria-me equilibrado
encontrou-me tão impulsivo
impulsivo
quanto a você
Queria-me seguro
encontrou-me tão incerto
quanto a você
Queria-me corajoso
encontrou-me tão intimidado
quanto a você
Queria-me garanhão
encontrou-me tão amante
quanto a você
Queria-me macho
encontrou-me tão humano
quanto a você
Queria-me opressor

encontrou-me tão precisado de liberdade
quanto a você
Queria-me branco, frio, negro quente
encontrou-me mestiço terno


quanto a você
Queria-me inimigo e algoz
encontrou-me tão precisado
de amizade e companheirismo
quanto a você
Queria-me machão
encontrou-me tão simples homem
para você
Achou-me então tão assim “homossexual”
decepcionada foi embora...
E eu fiquei aqui tão só
sofrido, atordoado, sem saber o que faço
com minha pura natureza humana
que você achou ser feminilidade...
ou falta de masculinidade.



Um comentário:

  1. sabe poeta, viver é uma puta ousadia... aqui do além virtual, o alhures de tela e teclas - posso "tomar conta" de ti, como se você uma novela, como se fosse um resto de vida - já que vc não deve sequer saber quem sou - Poeta Xandu, muito prazer! Mas para quem vive com a veemência de ora-fortaleza-ora-frágil : vc também é um cavalão, seu danado! Que poesias mais... foda? Ama sempre demais! 1 braço - Poeta Xandu

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