quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

FAPA,FAVELA PARTICIPAÇÕES: PERGUNTAS QUE ESPERAM RESPOSTAS:

A Coluna de Anselmo Góis, no O Globo deu uma nota que em 2013 Celso Athayde sairá da CUFA pra criar uma Holding que já esta denominada de FAPA, Favela Participações que gerirá um grupo de 10 empresas... Holding é uma empresa criada para gerir um grupo de outras empresas ou a participação acionaria de um grupo determinado nestas. A idéia e que um numero significativo de empresas implantadas dentro de uma favela possa realmente trazer o desenvolvimento para maioria dos moradores deve ser vista com reservas, reflexões e questionamentos. A primeira questão a ser levantada é que empresas, como empreendimentos capitalistas visam principalmente o lucro constante e precisam de garantias para não haja prejuízo nem interrupção temporária ou definitiva da produção das marcadorias. Empresas tem resistido a implantar seus negócios nas favelas devido a falta de garantias a segurança e a integridade física de seus funcionários: uma operação policial para combater o tráfico de drogas pode impedir a entrada de funcionários causando um dia de trabalho paralisado, uma guerra entre quadrilhas rivais pode para a produção por até uma semana trazendo grandes prejuízos na produção e inviabilizando a produção e a continuidade da empresa no local. Empresas precisam além da segurança real, física e material, de segurança simbólica que além da segurança física visível gerem um sensação segurança não física mas sensível, por exemplo: Os moradores dos bairros que ficam no entorno de varias favelas o Rio vêem com simpatia quadrilhas de traficantes que "dominam" uma favela e garantem a paz e a segurança não só no território físico da favela em si mas extensiva aos moradores das ruas do "pé do morro" evitantando assaltos, roubos de resistencias, violências contra moradores... e "cobrando" e tomando "providencias cabíveis" quando alguma coisa acontece de errado com esses moradores do entorno da favela. No momento varias empresas estão implantando suas atividades em favelas ocupadas por UPPs já que o braço amardo do estado, garante não só a segurança real, física, mas também a sensação de segurança "invisível" mas tão real, quanto a real. Como não existe mais trafico, pelo menos no "tamanho" que era antes, não há ostentação armada de bandidos. Por outro lado, a crença e a sensação de que nenhuma quadrilha rival tentaria tomar uma favela ocupada por UPPs dá uma certa proteção ao "pequeno" trafico existente. Por outro lado uma favela ocupada por UPP garante a empresas de TV A CABO e INTERNET que elas não terão concorrência de "empresas" locais "informações" conhecidas como NetGato NetCabo e a eliminação das existentes. Com relação a questão de segurança real e não visível um ponto a ser levantado é: Suponhamos que uma quadrilha local de uma favela mantenha ótimas "relações" com empresas locais e do entorno da favela que "controla" e também aos moradores o entorno. Uma vez criada uma holding de empresas como a proposta FAPA: A holding confiará, acreditará e aceitará a segurança que a quadrilha local oferece, promete e garante ou optará pela segurança mais "confiável" e durável que o estado pode oferecer pedindo o u mesmo exigindo a implantação de uma UPP no local, como condição pra implantar seus projetos no local? Outras perguntas que merecem e precisam de respostas: A implantação de uma loja do Bobs ou o MacDolnads não causará a falência de pequenos comerciantes que há vários e vários anos vendem seus x-tudos e vitaminas na favela, com a mesma qualidade ou até maior do que estas grandes empresas de lanches rápidos? A implantação de um Shopping Favela não causará a falência das muitas lojas de roupas, armarinhoos, comércios de variedades? Estes comerciantes terão que se sujeitar, se quiserem sobreviver, a pagar altas taxas de aluguel e "condomínio" pra funcionar dentro destes chopings? Suportarão a concorrência das C&AS, Di Santini, Casa&Vídeo? As dezenas de mulheres que hoje ganham a vida, em tem em seus salões de beleza... seus negócios conseguirão sobreviver as grandes casas de estética que estarão dentro desses chopings? Sabe-se informalmente que mais ou menos 10°/° do arrecadado total com a venda de drogas fica dentro da favela. Por "mais pouco" que seja, é evidente o quanto esse "pouco" dinheiro que fica dentro da favela contribuí para o aumento da renda percapita da favela como um todo. Com relação a uma holding de empresas... há serias duvidas se pelo menos 01 por cento do lucro gerado por elas ficariam dentro da favela propiciando um desenvolvimento geral que beneficie a maioria dos moradores e não só uma elite. Outra questão importante é se a implantação de uma holding de empresas numa favela gerará um numero de empregos significativo o suficiente para a maioria, ou pelo menos uma numero bastante de moradores que com o salário que perceberem num montante o real desenvolvimento da favela como um todo, que beneficie a todos ou a maioria. Tomando como exemplo o fato, a verdade e a realidade de que dentro e no entorno das favelas os empregos que exigem pelo menos o 2º grau completo são ocupados na sua maioria por gente de fora da favela... é só olhar pra a maioria dos funcionários de creches, escolas públicas, postos de saúde, etc e de supermercados, farmácias, etc. Os empregos que exigem escolarida mínima ou muito pouca, este sim "sobram" para os moradores da comunidade. Uma questão delicada: Com a possível, não determinada, mas possível e provável implantação e UPPs, ou pelo menos " contingente policial formal" para garantir o lucro e o funciomento continuo, sem interrupções das empresas e o conseqüente fim o trafico de drogas ou pelo menos, com a diminuição substantiva deste a um nível que venda drogas "no sapatinho" e não precise ostentar armas... o que será feito de e com os traficantes locais que não conseguirem continuar no trafico ou não conseguir algum tipo de emprego numa das empresas da tal holding? Há favelas, não ocupadas por UPPs, que a grande maioria, quase a totalidade dos traficantes são crias, jovens e já não tão jovens nascidos e criados na favela. A grande maioria deles só sabe, por só aprendeu a trabalhar no tráfico, boa parte nunca foi preso, e outra boa parte, embora já tenha pego cadeia por crime hediondo, simplesmente por ser traficante, sequer deu um tiro na vida, nunca matou ninguém, mas tem no trafico a única opção pra criar seus filhos sustentar sua familia, mas não tem nível de escolaridade pra ser incluído nessa tal "salvadora" inclusão social e econômica que uma holding possa garantir. É óbvio que empresas, empresários, antes de tudo visam seus lucros e a garantia da geração continua desse lucros. Por mais humanos e humanitários que queiram parecer, por mais responsabilidades sociais que possam demonstrar, quando seus lucros e a rentabilidade se seus negócios são ameaçados não teem nenhum constrangimento em evocar e por em pratica o velho ditado: "amigos, amigos, negócios á parte", ou amigos, amigos, sentimentos e humanismo á parte". Por isso não estão nem um pouco preocupados com a sorte dos traficantes locais, se serão presos, presos e mortos. Importante pra eles é uma comunidade limpa e segura, não importa quantas liberdades sejam perdidas, quantas cadeias tenham que ser construídas, quanto sangue negro e favelado seja jorrado pra lavar e deixar limpa a favela para implantar sua empresas e seus funcionários cheguem e saiam do trabalho por ruas e vielas higienizadas e "detetizadas". Se os moradores favelados influentes na comunidade, lideranças comunitárias, mediadores e empreendedores de dentro e de fora da favela, não estão preocupados, o se estão não tem respostas, e por não terem respostas, fingem que os "meninos" do trafico são invisíveis, não existem, não tem solução imediata, á médio, ou a longo prazo pra eles... alguém na favela tem que ter, se preocupar com a vida e o destino deles, e suas familias, de seus filhos... Nenhum deles nasceu traficante e boa parte deles gostaria e deixar de ser e viver outra vida... E merecem sérios questionamentos, criticas construtivas, levantamento de duvidas, e tentativas de busca de respostas e soluções, senão para o trafico de drogas, que estão muito além do que meros lideres favelados possa dar. Se o Trafico de drogas movem bilhões de dólares anualmente, é hoje um grande empreendimento capitalista, neoliberal e desumano, por isso além de nossas forças de favelados de combatermos sozinhos... o traficante, desde o prenteso "chefe" até o mais simples fogueteiro é problema nosso, e lideranças, militantes favelados e moradores influentes, até como traficantes/trabalahdores do trafico, mas principalmente como moradores, na sua maioria jovens, que vimos nascer, segurarmos no colo, alguns batizarmos e sermos padrinhos,crescer, brincar, tentar a sorte de uma vida melhor no futebol, na musica o numa fábrica que não existe mais. Não consigo olhar para o futuro desses garotos que vivem no trafico, principalmente, os que tenho uma convivência mais próxima... num caixão ou numa cadeia. Também não consigo ver o futuro deles e de suas familias sob a tutela e opressão do braço armado o trafico ou do braço armado do estado. Minha vó, meu tio astrogildo e minha mãe me ensinaram a acreditar e amar o ser humano como criaturas boas e sagradas, ninguém nasce mal e se ninguém nasce mal, ninguém inevitavelmente morrerá como um ser humano mal por isso merece viver o mais possível e mais longamente possível como criaturas humanas boas e sagradas como nasceram. E a maioria, a imensa maioria do rapzes jovens, e já não tão jovens, que vivem e precisam do trafico, hoje pra viver, sobreviver, sustentar suas familias e criar seus filhos e filhas pelos caminhos o bem que não puderam seguir são criaturas humanas, boas e do bem. E a elas devemos respostas e oportunidades de uma vida alternativa a que uma UPPs possa oferecer, ou o trafico de drogas, tem-lhe oferecido. Essa é a opinião pessoal minha, de Deley de Acari, poeta e animador cultural da favela de Acari. Opinião pessoal que mais que a atitude de dar opinião pessoal gera atitudes, ações e verdades para tornar o que sonha, realidade. Amor Livre e Luta! Deley de Acari

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