segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

LUCAS, UM JOVEM QUE MORREU POR QUERER VIVER DEMAIS,NÃO POR QUERER A MORTE, MAS POR QUERER MUITA VIDA!





 

   Lucas começou a se sentir mal quando foi comprar pão na padaria. Cerca de meia hora depois começou a operação policial do 41º BPM ele correu junto com os outros meninos carregando uma mochila pesando cerca de 20 kilos e um fuzil de uns 7 kilos. No meio da fuga, depois de uma breve mas intensa troca de tiros com os PMS caiu de repente. De inicio seus colegas acharam que ele havia sido baleado e tentaram leva-lo. Ao perceberem que ele estava tendo um enfarto pediram que alguns moradores o socorressem. Os moradores o pegaram já agonizante e o puseram na calçada onde depois de dois fortes suspiros venho a falecer.


 



Durante seu velório ouviu-se muitos comentários lamentando que os jovens de Acari estão se matando a si próprios com o uso abusivo de drogas... estão procurando a morte.



 



Fiquei ouvindo tais lamentos e pensando nos tempos em que Lucas jogava comigo numa escolinha de futebol dentro da favela. E com certeza, uma coisa posso dizer dele: sempre demonstrou muita vontade de viver. Era bom jogador.voluntarioso, raçudo mas parava logo e ia embora com a deculpa que estava passando mal. Só agora, com sua morte, cinco anos depois que saiu da escolinha que descubro que suas desculpas de estar passando mal para não fazer trabalhos físicos não era caozada.



 



 Felizmente nunca forcei a barra pra que ele fizesse física. Já naquela época Lucas tinha problemas no coração e o uso abusivo de drogas não foi a causa direta de sua morte. O cheirinho da lólo misturado com a adrenalina do confronto eminente com os PMS pode até acelarado um pouco mais seu  mas o que o matou foi o enfarto. Ele poderia ter enfartado meia hora antes quando começo a passar mal. Ou dois dias antes ou dois dias depois.



 



Mas de qualquer forma Lucas não procurava a morte ao consumir drogas e viver no trafico de drogas. Ao contrário: Lucas, como todos os jovens eu conheço em Acari, na vida d crime ou não procura a vida.  Uma vida intensa e vibrante.



 



 



Os soldados de um exercito regular, fardado de um país,esta disposto a morrer por seu pais, seu povo. Um “soldado do tráfico”. Entra pro exercito do pó sabendo o rísco de morte que  sua escolha oferece. Mas enfrenta a morte não pra perder pra ela, mas pra vence-la.



 



 



Quem ta no tráfico sabe muito bem que pode ser preso ou morto, hoje ou daqui há um mês, cinco anos, mas não só gostaria de ver seus filhos crescer e ser feliz ao lado deles como sonha que isso possa ser real.



 



 



A facção do tráfico de Acari desenvolveu a cultura de evitar o confronto com a policia. Os dezenas traficantes que foram executados sumariamente  em Acari mortos após, mesmo armados, se entregaram, serem desarmados e depois fuzilados.



 



Se um “soldado” armado sabe que pode ser preso, ir pra dura e pegar cadeia, ou ser liberado logo depois mediante suborno, lógico que ele vai preferir ficar vivo mesmo que seja pra viver alguns ou muitos anos na cadeia;



 



Mas se ele sabe que inevitavelmente, mesmo depois de ter “perdido” se entregado e desarmado, vai ser assassinado covardemente por um policial com um tiro na nuca ou no coração, então ele vai resistir á bala até cair morto. E é isso que tem acontecido muitas das vezes em Acari.



 



Na favela como no asfalto todos nós vendemos  consumimos drogas, ilícitas ou não. O crente que vende xtudo, hambúrguer  e guaraná Tobi numa barraca pra outro crente esta vendendo uma droga que é a principal responsável pela obesidade precoce, diabetes e cardiopatias que levam morte em milhões de crianças e jovens pelo Brasil e pelo Mundo.



 



 



Nem por isso se diz que estas crianças e jovens procuram a morte ao consumir essas drogas que são vendidas livremente em padarias, mercadinhos, barracas de lanches.



Nem os vendedores que ganham dinheiro com isso são chamados de criminosos ou sociopatas.



A bem da verdade, guaraná Tobi, biscoito traquinas o fofura é  o único café da manhã possível de boa parte das famílias de Acari. E ninguém toma um café da manhã desses pra se matar mas sim pra ficar vivo e sem fome o resto do dia.



 



DOMINAR AS DROGAS, NÃO DEIXAR A DROGA TE DOMINAR! VIVER DAS DROGAS SEM PRECISAR MATAR NINGUÉM, SE DEIXAR A DROGA TE MATAR. NÃO DEMORA MUITO VENDER E CONSUMIR DROGAS NÃO VAI SER MAIS CRIME. POR ISSO NÃO VALE A PENA MORRER, MATAR POR DROGAS. AINDA VAI SER POSSIVEL VIVER NUMA SOCIEDADE COM DROGAS DE UM JETIO SAUDAVEL E DURADOURO!



 



(CONTINUA NA PRÓXIMA POSTAGEM)



 



Deley de Acari, poeta,



Animador cultural e



Defensor de Direitos Humanos



E Acari.

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