segunda-feira, 26 de outubro de 2009

DE FEMINISTAS, ELEFANTES E OS IMPERDOÁVEIS, PARTE 1+1 QUE DOIS E CÚ VERMELHO.

Há um tempo atrás, uns dois anos se muito, durante um dos varios "arranca rabo" que tenho com Wesley, devido as divergências de encaminhamento de nossas ações na favela, aos poucos segundos do fim do ultimo round, ele me desferiu um direito de direita, em ambos o sentidos. Não me lembro bem as palavras exatas: E voce que tá aqui na favela dando murro em ponta de faca há mais de trinta anos em não conseguiu mudar nada. Cade a revolução que voces iam fazer? que que voces fizeram pra mudar a favela? nada!
A verdade dói, mas a verdade é verdade.
Dos cinco comunistas pobres sem vergonhas de acari, quatro já morreram, eu sou o unico vivo, mas que já sofreu tres atentados e esta jurado de morte por algozes que não costuma deixar passar muito tempo sem cumprir suas sentenças de morte.
Hoje sei que já vivi o bastante uma auto-fragelada mas vital auto-critica diante da constatação wesleyana: a verdade é que nós comunistas favelados somos mesmo uns comunistas pobres-sem-vergonhas, que além do peso dos anos, temos a nos vergar o lombo o peso do fracasso de não termos feito a revolução popular comunista que nos pais e avós esperavam da gente e ainda padecer da vergonha de envelhecermos vendo o capitalismo, na sua forma mais cruel e desumana avançar favela a dentro, fazendo do tráfico de drogas, outrora, quase uma economia de subsistencia familiar comunitária, transformado no mais rentoso e lucrativo mercado capitalista neoliberal, para-formal.
CEMITÉRIO DE ELEFANTES
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Há uns seis anos ainda havia num canto de rua de Acari, um banco de cimento onde os velhos comunistas de Acari sentavamos pra chorar nossas pitangas soviéticas. A maioria tinha o pé-de-pilão resultado de muita cachaça ou frebite fruto de muitas decepções politicas e familiares. Por isso autodenominamos o local de Cemitério de Elefantes.
A obra do Favela-Bairro derrubou o banco e o muro que havia atrás dele e que tinha inscrições de nomes de bandidos mortos, de bin laden, de saddam, de che e de maicon jequissom, que ainda não tinha morrido mas já tinha ficado branco.
Mas, nada de nomes de grandes lideres comunitários que fizeram a história da resistência popular da favela, nem muito menos, de militantes comunistas favelados como Nilton Mendonça, Milton Branco, Seu Cesário, Seu Nestor...
O que sem duvida, é mais uma prova do quanto a critica, ácida, corrosiva, mas correta do wesleey faz sentido.
Comunistas pobres favelados, somos tão sem vergonhas que, e não fizemos nada, nada pra favela,de bom, nestes ultimos trinta anos, que sequer merecemos nossos nomes rabiscados num muro de canto de favela.
Ao contrário de traficantes locais, recolucionários latinoamericanos, e terroristaas mulçumanos ex-aliados do USA e artistas negros embranquecidos.
O ultimo comunista pobre favelado sem vergonha, a morrer em Acari, morreu de desgosto, cachaça e diabétes, frustrado por não conseguir impedir, mesmo com toda sua marra de comunist revolucionário, que suas filhas e netas se tornassem esposas e viúvas de bandidos.
Com certeza essa é a maior derrota pra uma maxista leninista favelado.
Ver as mulheres de sua familia escravas, objetos sexuais. logo a gente que eramos pró-feministas, ao menos no discurso mas machistas leninistas na pratica cotidiana.

Um comentário:

  1. po deley,na minha opnião seu melhor texto postado no blog. de arrepiar... entendo o pensamento wesleyano mas acho há ainda uma chama que não se apagará.

    abraço, danilo george.

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